O uso do narguilé no Brasil e os prejuízos associados à saúde dos jovens

Narguilé não é brincadeira; existe uma representação cultural que paira sobre seu uso como algo ‘descolado’, mas há um enorme risco associado ao equipamento normalmente utilizado para fumar tabaco

  • Por Camila Magalhães
  • 15/10/2020 10h00 - Atualizado em 15/10/2020 12h14
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Você sabe o que é o narguilé? De uma maneira resumida, o narguilé (ou “narguilê”) é um equipamento normalmente utilizado para fumar tabaco, mas que também é utilizado para fumar essências herbais, ou mesmo maconha. Acredita-se que ele tenha surgido na Índia há centenas de anos atrás. Na atualidade, o narguilé é utilizado praticamente no mundo inteiro, inclusive com alta prevalência de uso no Brasil, a ponto de alguns pesquisadores afirmarem que existe uma epidemia global de seu uso. Um estudo publicado em 2019 estima que existam cerca de 2,5 milhões de fumantes de narguilé no Brasil, e muitos deles são jovens. E esse vem aumentando nos últimos anos: em um levantamento do IBGE, que é feito com adolescentes do 9º ano, observou-se um aumento de uso de narguilé de quase 20% de 2012 para 2015. Isso é preocupante porque o narguilé é um veículo de utilização de tabaco, que tem alto potencial de causar dependência. Além disso, este uso parece aumentar a chance dos adolescentes serem expostos ao uso da maconha, que poderá trazer problemas futuros para um sistema nervoso e uma personalidade em formação.

Aliado a isso, existe uma falsa ideia de que as substâncias tóxicas seriam filtradas, não afetando, assim, quem usa. Estudos vêm mostrando que o narguilé pode liberar substâncias cancerígenas em maior concentração, por ter uma menor temperatura de combustão do tabaco inferior ao cigarro comum. E mesmo as substâncias “herbais”, livre de tabaco, também liberam substâncias cancerígenas – em alta concentração – quando aquecidas. Narguilé não é brincadeira.

Existe uma representação cultural que paira sobre seu uso como algo “descolado”, tanto no sentido do consumo, quanto à minimização dos riscos. Essa ideia incide especialmente nos adolescentes: o “narga”, como é muitas vezes chamado, é um sinal de status, e não parece existir um dimensionamento sobre os prejuízos que seu uso pode causar. Dado isso, o que devemos fazer? Em termos de políticas públicas, há uma enorme preocupação quanto a uma nova geração de fumantes no Brasil, desta forma, devemos intensificar as estratégias de prevenção com foco na população mais jovem e prover informações de qualidade, não somente para pais e educadores, como também para os adolescentes que muitas vezes banalizam o uso do narguilé por desconhecerem os prejuízos associados.
Se tiver algum comentário, ou quiser sugerir algum tema, escreva pra mim: no instagram @dra.camilamagalhaes ou dracamila@jovempan.com.br.

Até a próxima!

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