Pesquisa monitora saúde mental de crianças e adolescentes em todo o país

Estudo realizado com nove mil crianças aponta que 9% delas apresentam níveis clínicos de ansiedade

  • Por Jovem Pan
  • 06/10/2020 05h59 - Atualizado em 06/10/2020 08h20
Pixabay O confinamento, a falta de interação com amigos e familiares e até o nível de tensão dos pais, podem acabar afetando as crianças

A pequena Júlia, de 5 anos, ficava em período integral na escola antes da pandemia. Com as medidas de isolamento social adotadas, a menina passou a ficar em casa o tempo todo e, aos poucos, começou a apresentar uma respiração ofegante. O pediatra percebeu que Júlia estava com a saturação muito oscilante e e chegou a suspeitar que a menina estivesse com a Covid-19. Com resultados normais dos exames, os médicos então sugeriram que a menina passasse em algum psicólogo.

O pai da Júlia, Anderson Gomatech, conta que a criança foi diagnosticada com síndrome de respiração suspirosa e com a ajuda da terapia melhorou muito e passou a ter menos crises. “Ela tinha medo de pela pandemia perder o pai ou a mãe para o coronavírus. ‘O coronavírus mata’, era isso que passa na cabeça de uma criança de cinco anos. E perder o pai e a mãe seria um absurdo para ela naquela condição”, conta.

O confinamento, a falta de interação com amigos e familiares e até o nível de tensão dos pais, podem acabar afetando as crianças. O professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Dr Guilherme Polanczyk, diz que dado o nível de estresse pode acarretar em um transtorno mental. “Sinais como aumento de ansiedade, insônia, irritabilidade. Todos são sinais que falam que o organismo está sofrendo uma situação de estresse. A situação de estresse é uma das principais causas de desenvolvimento de transtornos mentais”, explica.

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) com mais de nove mil participantes está monitorando a saúde mental de crianças e adolescentes em todo o país. O levantamento aponta que 9% das crianças apresentaram níveis clínicos de ansiedade e 12% de depressão.

*Com informações do repórter Victor Moraes

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