Novos tempos da educação abrem espaço para metodologias inovadoras de ensino
Associada à Covid-19, transformação em salas de aula dá protagonismo ao aluno e desperta nele habilidades que estavam adormecidas no modelo tradicional
A sociedade passa por uma grande transformação, decorrente da globalização, da digitalização, da longevidade das pessoas, entre outros fatores. Na educação, principalmente em função dessas transformações, associadas às mudanças provocadas pela Covid-19, novas demandas e necessidades surgiram e os hábitos dos estudantes e professores começaram a se alterar. Uma das grandes mudanças é a busca pelas metodologias ativas, que tendem a se tornar um recurso didático importante para os novos tempos, colocando o aluno como protagonista do processo de aprendizagem e destacando habilidades e competências individuais que, diante um modelo de aula tradicional, estavam adormecidas. Outra mudança que ganha espaço com a era do ensino remoto é a implementação da educação híbrida, modalidade que mescla encontros presenciais e online (síncronos ou assíncronos) e conecta as propostas das metodologias ativas como uma inovação importante para o novo cenário educacional.
Embora apresentada como grande novidade na atualidade, as metodologias ativas já são debatidas e apresentadas aos professores há muito tempo. Pesquisadores como John Dewey, Jean Piaget, Maria Montessori, Célestin Freinet, Lev Vygotsky, Carl Rogers, Paulo Freire e tantos outros enfatizam, há décadas, que o processo de ensino e de aprendizagem tem mais significado quando há interação com o meio, e as tecnologias tornam-se experiências educacionais importantes e significativas para transformação da informação em conhecimento, superando assim o modelo tradicional,
Assim, as metodologias ativas são consideradas instrumentos que promovem a pedagogia da autonomia e que possibilitam e favorecem o protagonismo do aluno, abrindo espaço para que ocorra o diálogo, a participação, a reflexão, a formação do senso crítico e o respeito às diferentes opiniões que surgem em sala de aula, no ambiente online ou em qualquer outro âmbito social. Quando bem implementadas, elas estimulam e incentivam a autoaprendizagem, despertando a curiosidade e o interesse no desenvolvimento de novos conceitos e a busca por conteúdos alternativos por parte dos alunos.
Novos estudos têm mostrado que o aprendizado ativo é muito mais eficiente e eficaz do que o passivo. Entre esses estudos, o mais propagado é a teoria do psiquiatra americano William Glasser que procura explicar como as pessoas geralmente aprendem e qual a eficiência dos métodos nesse processo (veja a imagem abaixo). Essa teoria é conhecida como Pirâmide da Aprendizagem. De acordo com ela, os alunos aprendem cerca de 10% lendo; 20% escrevendo; 50% observando e escutando; 70% discutindo com outras pessoas; 80% praticando; e 95% ensinando. Assim, podemos concluir que os métodos mais eficientes de aprendizagem estão inseridos nas metodologias ativas.
Entre tantos modelos de metodologias ativas, podemos destacar as mais comumente aplicados e que geram bons resultados para o aprendizado dos alunos:
- Aprendizagem Baseada em Problemas: Trata-se de uma metodologia de ensino ativa que tem como objetivo associar o aprender ao fazer a partir da discussão em grupo de uma pergunta complexa, de um desafio ou de um problema a ser resolvido;
- Aprendizagem Baseada em Projetos: Tem por objetivo fazer com que os alunos adquiram conhecimento por meio da solução colaborativa de desafios desenvolvendo um projeto;
- Design Thinking (D.T.): Trabalha um conjunto de ideias e insights para abordar problemas relacionados a futuras aquisições de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções para problemas que facilite a vida social. Associado a esta metodologia, o movimento maker, denominado também como “mão na massa”, que surge da filosofia “Do it Yorself” (Faça Você Mesmo), também tem ganhado força no âmbito educacional por incentivar a criatividade e o protagonismo do aluno. À medida que os alunos vão confeccionando objetos e produtos, os professores vão trabalhando com os conteúdos relacionados ao que está sendo produzido e, mais do que isso, abre-se a possibilidade de inclusão tecnológica uma vez que os alunos de diferentes idades passam a ter os primeiros contatos com o pensamento computacional por meio da robótica;
- Sala de Aula Invertida: Conhecida por seu nome em inglês (flipped classroom), é um método em que os alunos têm acesso aos objetos de aprendizagem antes da aula propriamente dita. Eles são incentivados a estudar sozinhos (inicialmente) ou em grupos. E só posteriormente a essa fase é que vão para a sala de aula a fim de executar e aprofundar o que aprenderam;
- Gamificação na Educação: Tem se tornado uma poderosa ferramenta no processo de ensino e aprendizagem para superar o desinteresse do aluno e buscar o seu engajamento. Essa estratégia consiste em trazer para as interações do cotidiano educacional elementos e mecânicas dos jogos para gerar dinamicidade, interação, dedicação e prazer na realização das atividades educacionais;
- Aprendizagem entre Pares, Colaborativa e Cooperativa: Os alunos trabalham em pares ou em grupos maiores com objetivo principal de responder a um desafio. As maiores contribuições, além do desenvolvimento cognitivo e o conhecimento adquirido, é a ampliação de um forte senso de trabalho em equipe, com melhoria nos relacionamentos interpessoais, nos níveis de autoconhecimento, autoestima e autoconfiança dos alunos.
Como foi possível perceber, os benefícios advindos com a implementação das metodologias ativas, são extraordinários. Entretanto, eles não são conquistados gratuitamente ou de forma simples, pois dependem muito do preparo dos professores, das condições das escolas, do trabalho dos gestores e ainda demanda muito envolvimento, participação e apoio dos pais. Vivemos em um período de grande mudança na mentalidade das atividades da escola e todos precisam estar abertos a essas novas transformações que estão correndo na educação.
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