‘Tentar mudar o sistema de votação não é antidemocrático’, diz Constantino
Defesa do voto impresso, feita em live do presidente Jair Bolsonaro, foi o assunto do programa 3 em 1 da Jovem Pan desta sexta-feira, 30
Apesar da sinalização do Congresso Nacional de que a PEC do voto impresso, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), será derrotada na comissão especial que analisa o tema, o presidente Jair Bolsonaro segue defendendo a aprovação da proposta. Em sua live semanal desta quinta-feira, 29, o mandatário do país admitiu que não possui provas de que houve fraudes nas eleições, mas apresentou vídeos que circulam pela internet que, em sua avaliação, representam “fortes indícios” de que o sistema de votação é vulnerável. O assunto foi um dos destaques do programa 3 em 1, da Jovem Pan, desta sexta-feira, 30. Para Rodrigo Constantino, defender o aprimoramento das urnas eletrônicas “não é antidemocrático”. O comentarista também rebateu a declaração do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para quem “o discurso de que ‘se eu perder houve fraude’ é um discurso quem não aceita a democracia”.
“Vi com muita naturalidade [o fato do presidente não ter apresentado provas]. Eu tinha feito, aqui, o alerta de que era um tanto leviano um presidente falar em existência de provas se não vai apresentá-las. O que ele mostrou foram fortes indícios de fragilidade do sistema. Boa parte da imprensa, que hoje é partido de oposição, se pegou nisso para acusar o presidente de mentiroso. Mas erraram o cerne da questão. Fortes indícios são suficientes para colocar pressão na necessidade de mudança. A fala do ministro Barroso não é verdadeira. O sistema atual não é acima de suspeita e tentar mudá-lo não é antidemocrático. O presidente pode ter usado uma estratégia para atrair as pessoas para a live, porque ele quer atrair pessoas às ruas, na manifestação de domingo, para colocar pressão. Nesse sentido, usou uma estratégia boa”, disse Constantino.
O comentarista da Jovem Pan ainda destacou que, “no âmbito do direito penal, não é preciso ter provas materiais concretas para prender alguém”. Para Constantino, embora não seja possível provar que há fraude, também não é possível atestar a lisura do processo. “O goleiro Bruno [ex-jogador do Flamengo] foi preso com fortes indícios, até porque não tinha como ter a prova material, já que o corpo da Eliza Samúdio nunca apareceu. Lula foi condenado e preso em um processo [do tríplex do Guarujá] e ninguém vai esperar que o nome dele esteja como proprietário oficial dos imóveis que recebeu como propina. Foram fortes indícios. O que ficou claro, ali, na live, é que há esses fortes indícios, o sistema não é tão seguro quanto alega o próprio pai da criança, o TSE”, disse. “Aí vem o cerne da questão: não dá para provar a fraude mas não dá para provar a lisura, porque a urna não é auditável”, acrescentou.
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