As diferenças entre pobres de países ricos e ricos de países pobres no desempenho escolar
É pior ser rico em um país pobre ou pobre em um país rico? Quando falamos de resultados na educação, a vantagem do dinheiro vai até certo ponto
A resposta de alguns pode ser: é melhor ser rico, não importa o lugar. Mas em termos de resultados na educação, a vantagem do dinheiro vai até certo ponto. Mesmo na elite, estudantes de países pobres e emergentes, como o Brasil, aprendem menos na média de matemática e de ciência do que os alunos pobres de países ricos, segundo um estudo de dois pesquisadores, da Universidade de Harvard e do Centro para Desenvolvimento Global. Comparar resultados na educação em países ricos e pobres é mais complicado do que parece. Embora muitos países, principalmente os mais ricos e também o Brasil, participem de avaliações internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), é comum que os mais pobres participem apenas de testes regionais.
Mas os autores conseguiram superar esse obstáculo aplicando um exame de matemática e de ciência para mais de 2.314 crianças no norte da Índia. A avaliação usava perguntas de grandes avaliações internacionais, mas também de exames com menos países participantes. Com os resultados, eles construíram um modelo estatístico capaz de cruzar as pontuações de vários exames e criar uma pontuação que vale para 80 países. O resultado mostra que a riqueza do país importa mais do que a riqueza familiar. Na média, oferecer a melhor e mais cara educação em um país em desenvolvimento não torna o estudante mais capaz do que um estudante pobre que frequentou a escola em país rico.
Estudantes de classe média alta no brasil ficam abaixo nos resultados dos alunos com renda mais baixa da Alemanha, do Japão, Estados unidos e Coreia do sul. Todos países desenvolvidos. Alunos saídos de uma família americana ou japonesa com renda abaixo dos US$ 5 mil anuais, pobres para os padrões de um país desenvolvido, pontuaram nos testes melhor do que alguém de um lar com renda de US$ 10 mil anuais na Costa Rica. Uma explicação é que em países desiguais como o Brasil a educação privada acaba preparando melhor os estudantes do que os da rede pública. Existem fortes disparidades locais. Mas no plano internacional isso muda. Em sociedades menos desiguais, inclusive nos países ricos, é comum que a classe média e os pobres estudem nas mesmas escolas. Os pobres aproveitam melhor a educação. Conseguem resultados mais próximos dos mais ricos. À frente da maioria dos alunos, mesmo os de mais renda, dos países pobres.
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