Home office aumentou em até 25% os gastos para os empregados
Na maioria dos casos, despesa acabou ficando para o funcionário; são relativamente poucas as empresas que fornecem material ou reembolsam o dinheiro
Quando a pandemia da Covid-19 terminar, o mundo do trabalho não vai ser o mesmo. O home office, o trabalho remoto, passou de necessidade, devido às medidas de isolamento, a um arranjo mais flexível, capaz de dar mais tempo aos empregados para as tarefas de casa do dia a dia, e ainda aumentar a produtividade das equipes. Algumas delas propõem uma mudança radical, acabando com os escritórios. É o caso da Coinbase, uma das grandes corretoras de bitcoin dos Estados Unidos. Nem os executivos vão mais aparecer na sede da empresa, exceto em certas ocasiões. A maior parte das previsões não é tão extrema. Fala-se de um futuro com um modelo híbrido, em parte home office, em parte presencial.
Mas, para quem trabalha de casa, a mudança traz um custo. Segundo um estudo recente de dois economistas da Universidade de Harvard, Christopher Stanton e Pratyush Tiwari, quem trabalha de casa costuma gastar 7% a mais do que quem vai à empresa trabalhar. Isso se a pessoa mora de aluguel. Trabalhadores remotos que são donos do próprio imóvel gastam 9% a mais em hipotecas e impostos, segundo o estudo, que não foi elaborado durante a pandemia, e analisou os gastos dos trabalhadores americanos por quatro anos, entre 2013 e 2017.
No Brasil, o home office sai até mais caro. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, criou a “cesta home office” para estimar os custos do trabalho de casa. De acordo com o levantamento, que considera despesas com água, luz, celular, internet e alimentação, entre outros, trabalhar de casa pode provocar um salto nos gastos de até 25%. Despesas ligadas ao trabalho remoto chegam a representar 35% por cento do orçamento familiar. E não é à toa. Os preços de artigos para escritório, por exemplo, aumentaram até 20 vezes no ano passado devido à pandemia. Uma despesa que, na maioria dos casos, acabou ficando para o empregado. São relativamente poucas as empresas que fornecem material ou reembolsam os gastos. Este repasse de custos aliviou as contas de muitas delas em meio à crise. Mas o fim da pandemia deve abrir uma grande renegociação sobre quem paga a conta no futuro. Tanto o estudo de Harvard como o da FGV defendem que os contratos sejam adaptados para absorver os custos do home office. Uma maneira de manter o trabalho mais flexível. Mas sem que um lado pague a conta sozinho.
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