O IGP-M não serve para aluguéis

Índice conhecido como ‘inflação do aluguel’ avançou 2,67% na primeira prévia de novembro; para quem não tem imóvel próprio é uma péssima notícia

  • Por Samy Dana
  • 12/11/2020 10h00
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Oswaldo Corneti/Fotos Públicas Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas O índice IGP-M não representa bem os custos para os contratos

O Índice Geral De Preços – Mercado (IGP-M) avançou 2,67% na primeira prévia de novembro. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulga o índice, os principais responsáveis pelo aumento foram os preços no atacado. Para quem paga aluguel é uma péssima notícia. O IGP-M também é chamado de inflação do aluguel por reajustar os contratos. Em 12 meses, o índice já atinge 23,79%.

IGP-M:

  • Novembro (parcial) – 2,67%
  • 12 meses – 23,79%

Aplicado todo o percentual do IGP-M, o aluguel vai subir 11 vezes mais do que a taxa de juros Selic e 7 vezes o IPCA, a inflação oficial.

  • Selic – 2%
  • IPCA – 3,52%
  • IGP-M – 23,79%

Com o desemprego em alta e a crise da Covid-19, é um percentual fora da realidade. Mais ainda diante da situação do mercado. De acordo com a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo, hoje um em cada quatro imóveis para alugar em São Paulo está desocupado. Antes da pandemia, esse índice era de 18% – menos de um em cinco. Mas pelo uso do IGP-M constar em muitos contratos, pode algumas vezes exigir negociação. Se a pessoa não quiser desocupar o imóvel e não puder pagar mais, nesse caso, o que dá para fazer:

  • 1 – Compare o valor do aluguel com o de vizinhos
  • 2 – Reúna informações sobre sua renda
  • 3 – Reforce ser bom pagador

Primeiro, procurar saber como anda o aluguel na vizinhança e compare. Se você viu sua renda cair ou perdeu o emprego, deve dizer isso à imobiliária, apresentando comprovantes, se for o caso. Por último, você pode reforçar que é bom pagador e que cuida do imóvel. É bem possível um acordo, já que tem muito mais imóvel vazio no mercado. Agora não dá para deixar de apontar que esse é um problema criado pela própria existência do IGP-M. É um índice que nada tem a ver com o custo de vida. Além de tudo, um legado dos tempos da hiperinflação e da indexação, com a inflação passada influenciando a inflação futura. Há 31 anos, quando o IGP-M foi criado, não existia muita confiança nos índices do governo, justificando uma referência no dólar, mas a economia mudou. O melhor caminho seria a livre negociação. Nos Estados Unidos, por exemplo, não há índice oficial do aluguel – as pessoas negociam o reajuste com base no mercado. Mas existindo um índice, é preciso que represente melhor os custos para os contratos. Um papel que o IGP-M não faz bem.

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