Samy Dana: Adeus do Internet Explorer mostra que ninguém controla a inovação

Fim do navegador da Microsoft traz importante lição sobre negócios

  • Por Samy Dana*
  • 21/08/2020 07h00 - Atualizado em 21/08/2020 09h12
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O navegador da Microsoft foi lançado em 1995

Em um mundo ditado pela internet móvel e pelos aplicativos, hoje parece estranho dar importância ao fim de um navegador de internet criado para desktops e notebooks, mas a aposentadoria do Internet Explorer encerra uma era. A era em que a sua criadora, a Microsoft, dominou o mundo. Hoje, já faz mais de 20 anos, e o assunto ficou para os historiadores da tecnologia. Mas em 1999 e no 2000, a empresa lutava contra o governo dos Estados Unidos, e no centro da briga estava justamente o Internet Explorer. O navegador da Microsoft foi lançado em 1995. Naquele ano, navegar na internet era sinônimo de usar o Netscape, um simpático navegador, criado por uma startup, no qual a primeira geração de internautas aprendeu a usar a rede, visitar sites e se comunicar por emails.

Para liquidar o concorrente, a Microsoft incluiu o Internet Explorer de graça como parte do sistema operacional Windows. Era só clicar e usar. Já para continuar usuário do Netscape, era preciso ir no site da empresa e baixar o navegador. Adivinhe qual as pessoas escolheram. Mas o ataque do governo americano, acusando a empresa de tentar criar um monopólio, custou caro. Nove anos de discussões e processos intermináveis. Quando toda a discussão terminou, incrivelmente, nada aconteceu. A Microsoft continuou nos mesmos negócios, mas perdeu o fio da história.

Contra o Netscape, havia trocado a postura de liderar o mercado por liderar a inovação. Foi assim que o sistema operacional Windows conseguiu derrotar concorrentes como a Apple e a IBM. Deu certo naquele momento, mas quando chegou o próximo, o Google, não foi tão fácil. O Google dominou as buscas e depois os navegadores. A Microsoft se voltou para os smartphones e videogames, e perdeu os dois mercados. Segue importante, lucrativa e uma das maiores empresas, mas pouco associada à inovação. O mundo é do Facebook, da Amazon, do Netflix, da Apple e do Google. Na chamada Faang, sigla usada entre os investidores americanos para as cinco principais gigantes da tecnologia, a Microsoft não faz parte. Programas começam e um dia são descontinuados. Servem, afinal de contas, para necessidades de momento. Necessidades mudam com o tempo, e o final do Internet Explorer traz uma importante lição sobre negócios. Você pode liderar a inovação, mas jamais controlá-la.

*Samy Dana é economista e colunista na Jovem Pan.

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