Já está na hora de o Brasil planejar o enfrentamento à Covid-19 em 2022

País precisa projetar a compra de mais doses de vacinas, ficar atento aos estudos conclusivos que devem sair em breve e, definitivamente, se pautar na ciência

  • Por Sergio Cimerman
  • 07/07/2021 08h00
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Josué Emidio/Futura Press/Estadão Conteúdo- 01/06/2021 Dezenas de pessoas, algumas sem máscaras, se movimentam na ladeira Porto Geral, na região da 25 de Março, em São Paulo Variante delta (indiana) está em circulação no Brasil e gera preocupação

O Brasil realmente não é para amadores. Esta frase foi largamente dita em vários grupos de mensagens aos quatro cantos pela total falta de responsabilidade de nossos políticos com a questão que envolve a saúde e, neste caso, a pandemia da Covid-19. Corrupção nesta fase da doença é inconcebível. Superfaturar doses de vacinas? O caminho das apurações aponta para este lado e, ao invés de termos doses chegando em larga escala, notamos um certo retrocesso na aquisição. Precisamos vacinar a população o mais rapidamente possível para voltarmos a ser um país em desenvolvimento. Está provado que a imunização dos indivíduos é a real força que dispomos neste momento. Precisamos bloquear a transmissão o quanto antes. Pela fase em que estamos, nos parece longe ainda, mas rumamos a este objetivo para meados de outubro-novembro.

Mas vejamos um fato: a variante Delta (indiana) que circula em boa parte dos países já começa a repensar atitudes. A volta das máscaras será um novo marco em locais que já as tinham abolido. Em Israel, esta obrigatoriedade, com aumento de casos na população, já se tem visto. Por sorte, a questão das mortes não impactou, revelando que as vacinas disponíveis têm ação também neste tipo de variante de preocupação. Em relação às outras variantes, já está comprovado a efetividade dos imunizantes no mundo real, com publicação científica nos deixando mais aliviados. A Delta já aparece entre nós, brasileiros, em pequena escala, com raros casos de óbitos. E é a variante Gama (P1) a mais frequente em nossas terras. O que tudo isto vem mostrar? Devemos nos movimentar para incentivar a campanha da vacina contra a Covid-19 e já pensar como será o ano vindouro. Temos de prospectar uma nova compra de vacinas dentro de preço compatível com o mercado mundial, sem atravessadores nem ingerência política. Devemos ser técnicos. Escutar os profissionais habilitados, que, mediante trabalhos científicos, podem mostrar se devemos tomar apenas dose de reforço (booster), refazer duas doses nos imunizantes que assim são já pré-definidos, intercambiar vacinas, aumentando a imunoproteção.

Ainda não dispomos de todas informações com precisão. Estudos conclusivos devem sair em breve e demonstrar os fatos com maior clareza. Se formos esperar acontecer para comprar novamente, ficaremos em situação ruim. Compra imediata, com planejamento. Assim, a nação voltará a ter credibilidade perante aos outros países e, muito provavelmente, a abertura para entrada de brasileiros se fará de maneira mais harmônica. Infelizmente, não somos vistos como uma administração que se pauta na ciência. Precisamos parar de fazer apologia a tratamentos sem evidências científicas e buscar apenas vacinar. Temos condições. Somos capazes. Cabeças pensantes e técnicas temos. Falta apenas usar o bom senso. Diretrizes estão em fase de trabalho, com profissionais de excelente gabarito. A câmara técnica de vacina trabalha diuturnamente para garantir uma atualização de informações e maior segurança nas aplicações. Vamos fazer nossa parte como seres humanos: pensar no outro, nos vacinar (aliados às medidas protetivas). Vai, Brasil, mostra sua cara, sua força, sem fake news!

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