Vera: Bolsonaro compra mais uma briga que pode prejudicar Mercosul-UE
A guerra retórica entre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), e o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, começou muito antes da vitória do argentino nas eleições de domingo (27). Desde a campanha, Bolsonaro fez questão de mostrar sua contrariedade à chapa de Fernández e, após a votação, se recusou a cumprimentar o vencedor, além de dizer que a escolha havia sido ruim.
A postura de Bolsonaro não condiz com a postura de um presidente de um país vizinho. Quando se há uma eleição dentro dos termos democráticos, é preciso aceitar o resultado. Fernández, por sua vez, gostou da provocação e resolveu esticar a briga: logo em seu primeiro comício, fez mesuras ao ex-presidente Lula, ecoando um grito de “Lula Livre” e parabenizando-o por seu aniversário.
Essa retórica exacerbada entre os principais países do continente, que tem não so uma intensa relação comercial, como também diplomática e política – ambos tem a missão de coordenar o Mercosul – não é boa para nenhum dos lados, uma vez que o bloco está em um momento crucial, com um acordo relevante para colocá-los em um novo patamar de abertura comercial para o mundo (o Mercosul–União Europeia) para ser aprovado.
Do lado do Brasil, além do risco de perder a relação com a Argentina, nosso maior comprador de produtos manufaturados, a briga se estende ao por em cheque o Mercosul. Para piorar, essa não é a primeira vez que Bolsonaro arruma uma briga com alguém que pode atrapalhar o acordo Mercosul-UE – já havia arrumado problemas com o presidente da França, Emmanuel Macron, que também é o país que tem as empresas que mais geram empregos ao Brasil.
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