Vera: Bolsonaro faz coro aos que tentam desgastar Moro

  • Por Vera Magalhães/Jovem Pan
  • 09/08/2019 08h10
Foto: Pedro França/Agência Senado As semelhanças entre as operações já começam pelos alvos: empresas e políticos envolvidos em esquemas de corrupção olsonaro levou Moro à live, mas funcionou como um excedente de constrangimento

O presidente Jair Bolsonaro mantém Sergio Moro em uma chama de fritura que hora aumenta, hora diminui. Na quinta-feira, ele deu duas dessas “caneladas” contra o ministro. Disse que o pacote anticrime não deve tramitar concomitantemente com outras propostas da agenda econômica, porque uma coisa atrapalha a outra. Sendo que, quando o projeto foi enviado à Câmara, em fevereiro, ele e os filhos eram pródigos em tweets dizendo que o Congresso era preguiçoso se não analisasse tudo em conjunto, incitando as pessoas a irem às ruas em favor desses pacotes.

Eu achava e acho ainda que as coisas concorrem entre si e atrapalham uma a outra, especialmente em relação à Reforma da Previdência.

Essa mudança, guinada de Bolsonaro, nada mais é do que uma investida deliberada contra seu Ministro da Justiça, que já enfrenta o desgaste desde que eclodiu a Vaza Jato, em 9 de junho. Bolsonaro faz coro aos que tentam desgastar o ministro, que enfrenta problemas em várias frentes.

Só ontem ele teve de responder ao STF sobre a possibilidade de destruição de provas da Operação Spoofing, dizendo que nunca mandou destruir nem falou sobre isso. E também tem tido sucessivas derrotas em trechos do pacote anticrime, que vai sendo erodido pelo grupo de trabalho do Congresso.

Bolsonaro tem feito várias declarações tirando aos poucos poderes e prerrogativas do ministro. Ele também quer que seja substituído o presidente do COAF, Roberto Leonel, que fez críticas à decisão de Dias Toffoli, suprimindo possibilidade de o Coaf agir em vários casos em que há indícios de lavagem de dinheiro. Bolsonaro está fazendo carga para que seja demitido. O Paulo Guedes se vira nos 30 para não fazer algo que seja entregar a cabeça do diretor e tenta rearranjo institucional para colocar o Coaf sob o comando do Banco Central, que, independente, blindaria o Coaf de ingerências políticas.

O quadro é esse. Bolsonaro levou Moro à live, mas funcionou como um excedente de constrangimento. Ele ficou ao lado do Bolsonaro, mas sempre acho que é algo vexatório para os ministros.

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