Vera: Derrubada do decreto de armas prova que embates com Congresso prejudicam governo

  • Por Jovem Pan
  • 19/06/2019 08h18 - Atualizado em 19/06/2019 08h20
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Hélvio Romero/Estadão Conteúdo Tentativa de aprovar decreto de armas por meio da pressão popular falhou

A suspensão, nesta terça-feira (18) do decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que facilitava o porte de armas deixa ainda mais evidente a dificuldade do governo de criar uma base aliada e negociar seus projetos com o Congresso Nacional. Mais uma vez, em vez de tentar dialogar e flexibilizar o projeto – que era, de fato, inconstitucional – com os parlamentares, os membros do governo adotaram a estratégia do embate com parlamentares e tentaram a aprovação de suas pautas por meio da pressão popular.

No fim de semana, Bolsonaro pediu, em suas redes sociais, que os “bons cidadãos” cobrassem seus senadores para que decidissem a favor da medida. A fala do presidente teve efeito rebote e afastou ainda mais os deputados, que entenderam a fala como uma tentava de coerção às suas funções de discutir constitucionalidade e resolveram dar – mais um – grito de independência derrubando o decreto.

Outros gritos

A suspensão do decreto de armas foi só um dos gritos de independência do parlamento. Com a falta de entendimento do governo de como se funciona um regime de triparticipação e a insistência em pautar a população contra o Congresso, as respostas dos deputados são cada vez mais recorrentes.

Na última sexta-feira (15), por exemplo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), respondeu às duras críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao relatório da reforma da Previdência de forma simples: o projeto, então, agora é do legislativo. O mesmo aconteceu com a reforma tributária, que está sendo lançada pelos parlamentares, e não pelo governo, e pelo futuro projeto para destravar a economia que Maia pretende aprovar com o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Assim, começa o descolamento entre legislativo e executivo – que prejudica, na verdade, muito mais o governo. Nesses seis primeiros meses de mandato, era necessário que o foco tivesse sido construir uma base sólida de partidos, e não ficar com o ajutamento de pessoas disformes que ainda é o PSL. Só dessa forma o governo conseguirá aprovar suas patas.

 

 

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