Beleza da diferença reina na Semana da Moda de Nova York

  • Por Agencia EFE
  • 22/02/2015 10h30
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Anna Buj.

Nova York, 22 fev (EFE).- Com síndrome de Down, vitiligo ou em cadeira de rodas, todas podem ser modelos na Semana da Moda de Nova York, que nesta última edição quebrou os paradigmas que associam essa indústria com meninas altas, brancas e magras para abrir as portas à beleza da diferença.

A atriz Jamie Brewer, conhecida por seu papel na série “American Horror Story”, é a melhor expressão da necessidade da democratização da moda.

Brewer pisou na passarela no dia da abertura do evento tornando-se a primeira modelo com síndrome de Down a desfilar na Semana da Moda de Nova York.

“Sou uma grande inspiração para muita gente com muitas incapacidades, não somente com síndrome de Down”, disse a jovem, determinada a ser a face visível do transtorno genético, em entrevista à Agência Efe.

Brewer desfilou com o melhor das sorrisos para a estilista Carrie Hammer, que lhe propôs o desafio de participar de sua campanha “Role Models Not Runway Models” (algo como “Modelos a imitar, não modelos de passarelas” em tradução livre).

Com um vestido preto ajustado à cintura que levava seu nome e que transmitia sua “personalidade”, Brewer confessou que, apesar do nervosismo dos minutos prévios a entrar na passarela, a sensação que permanecerá em sua memória será a “emoção” por um momento que entrará na história da moda.

“Estava realmente nervosa, mas lembrei que devia ser fiel a mim mesma, e demonstrar minha personalidade e minha beleza verdadeira ao caminhar”, comentou.

E o segredo da jovem parece simples: “O truque é ser fiel a meu coração, ser eu mesma e mostrar minha beleza verdadeira”, detalhou.

Com esta iniciativa histórica, Hammer pretendia que seus desenhos saíssem das rigorosas fronteiras da moda para dirigir-se a todas as mulheres, entendendo que as que têm algum tipo de incapacidade também fazem parte das consumidoras da indústria têxtil.

Mas não é a primeira vez que a estilista americana inclui uma modelo diferente em seus desfiles. Hammer – que criou o vestido preto de Brewer pensando que Michelle Obama poderia usá-lo algum dia – já surpreendeu no ano passado ao convidar à médica Danielle Sheipuk, que se transformou na primeira modelo em cadeira de rodas a atravessar a passarela nova-iorquina.

Uma iniciativa que nesta edição foi imitada pelo desfile organizado pela FTL Moda em parceria com a Fundação Vertical, uma associação italiana que trabalha para promover a pesquisa das lesões da medula espinhal.

Juntos e sob a batuta do estilista Antonio Urzi, decidiram normalizar as incapacidades ao abarrotar a passarela de modelos em cadeira de rodas e o primeiro modelo masculino amputado, Jack Eyers, que desfilaram as propostas futuristas do criador para o próximo outono/inverno 2016.

Outro exemplo dessa tendência é Chantelle Winnie, de 20 anos, que não sofre nenhuma incapacidade, mas cujo esbelto corpo está salpicado de vitiligo, uma desordem cutânea que embranquece algumas partes de sua pele negra.

A confiança e a exótica beleza de Winnie a levaram a protagonizar o segundo desfile da marca espanhola Desigual na passarela nova-iorquina.

“A Desigual foi a primeira a ver-me e aceitar-me como sou, e para mim foi algo muito importante. Vi que queriam fazer uma campanha comigo, mas realmente se centraram em quem era”, disse Winnie à Efe antes de desfilar.

Na quinta-feira se encerrou, pois, uma Semana da Moda de Nova York que comprovou o retorno dos anos 70 a nossos armários, mas também que a moda não pertence somente aos cânones que imperam nas revistas, e que a beleza pode ser de todos. EFE

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