Café mais antigo de Montevidéu perde seu cliente mais famoso

  • Por Agencia EFE
  • 13/04/2015 18h11

Rodrigo García.

Montevidéu, 13 abr (EFE).- El Brasilero, o café mais antigo de Montevidéu, ficou sem seu cliente mais famoso, o escritor Eduardo Galeano, que morreu nesta segunda-feira aos 74 anos e que dizia ter aprendido “tudo” nestes lugares nascidos em uma época onde havia “tempo para perder tempo”.

Galeano estava tão ligado a este lugar, aberto em 1877 e desde então reduto da intelectualidade do país, que atualmente um café composto por creme, doce de leite e licor leva seu nome e continua sendo um dos clássicos do cardápio.

O autor de “As veias abertas da América Latina” costumava ocupar uma mesa situada à esquerda da porta do estabelecimento, junto a uma grande vidraçaria, a mesma escolhida hoje por um par de amigos, Guillermo e Santiago, para conversar e tomar algo.

“Nós sabíamos que ele vinha durante muito tempo e justo nessa mesa que estávamos. Foi uma oportunidade para vir e desfrutar um pouco do bar”, explicou à Agência Efe Santiago, um jovem italiano radicado no Uruguai.

“Eu sempre paro aqui, um café que tem atmosfera”, dizia sobre o estabelecimento o autor de uma das obras mais conhecidas de literatura latino-americana.

Trata-se do bar mais antigo dos que permanecem abertos na capital, “o último moicano de Montevidéu”, como afirmava Galeano aos jornalistas que encontrava entre seus muros.

“Eu sou filho dos cafés de Montevidéu. Cafés como este, o mais antigo de todos. Cafés dos tempos nos quais havia tempo para perder tempo. Nos cafés aprendi tudo o que sei. Foram minha única universidade. Aprendi o mais importante”, explicou Galeano em uma entrevista à emissora espanhola “TVE” em 2006.

Hoje, os responsáveis pelo estabelecimento evitaram fazer declarações públicas, consternados pela notícia sobre quem consideravam um amigo e com o objetivo de não aproveitar comercialmente a notícia de sua morte.

O escritor morreu em um centro hospitalar no qual foi internado recentemente devido a uma das muitas recaídas que vinha sofrendo ultimamente, segundo informaram à Efe fontes familiares.

Em 2007 Galeano foi operado de um câncer de pulmão e posteriormente houve períodos nas quais seu estado pareceu melhorar.

O escritor e jornalista será velado amanhã no Salão dos Passos Perdidos do parlamento de seu país, informaram hoje fontes oficiais.

O velório se estenderá das 15h até as 22h para que possam se despedir todas as pessoas que desejarem, disseram à Efe fontes da presidência da República. EFE

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