‘Casa abandonada’ em Higienópolis vira ponto turístico, e moradora foragida do FBI divide opiniões: ‘Fizeram um espetáculo’

Margarida Bonetti foi alvo de investigação por manter empregada doméstica em condições análogas à escravidão por décadas em Maryland, nos EUA

  • Por Jovem Pan
  • 04/07/2022 14h56 - Atualizado em 05/07/2022 13h35
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Reprodução/Instagram/@giroinbicicletta Detalhes do casarão abandonado no bairro de Higienópolis, que virou ponto turístico após o lançamento do podcast “A Mulher Da Casa Abandonada” Detalhes do casarão abandonado no bairro de Higienópolis, em São Paulo, que virou ponto turístico após o lançamento do podcast 'A Mulher Da Casa Abandonada'

Um casarão abandonado, cercado de imóveis de luxo, se tornou um ponto turístico em São Paulo, no bairro de Higienópolis. A comoção do público veio após o lançamento do podcast “A Mulher Da Casa Abandonada”, da Folha de S. Paulo. No programa, o jornalista Chico Felitti conta a história de Margarida Bonetti, mulher foragida do FBI por manter a empregada doméstica em trabalho análogo à escravidão. O crime começou ainda no fim da década de 1970, quando Margarida se mudou para os Estados Unidos com o marido, René Bonetti, e a empregada. Em Maryland, a funcionária era obrigada a cumprir longas jornadas de trabalho com plantões, sem direito a pagamentos. A vítima foi exposta a torturas e desenvolveu, durante os anos com a família Bonetti, infecção óssea e câncer. Sob consulta do processo, o jornalista conta que, quando a família paulista visitava o Brasil, os armários e a geladeira da casa eram trancados. A empregada, que não sabia falar inglês nem era alfabetizada em sua língua materna, recebia cerca de US$ 5 para se alimentar. Antes de se tornar réu pela Justiça americana, Margarida voltou para o Brasil para acompanhar o velório do pai. Seu marido, porém, foi condenado e permaneceu preso por pouco mais de seis anos.

 

mulher da casa abandonada

Casa localizada em Higienópolis foi alvo de pichações com a palavra ‘escravocrata’ – Foto: Reprodução/Instagram/@amulherdacasaabandonada

A revolta com a história levou o público à casa onde Margarida vive. O imóvel recebeu pichações de indignação com a palavra “escravocrata” e o nome da vítima. Na internet, um grupo reúne milhares de usuários para reunir informações sobre o casarão e a família da proprietária da casa abandonada. Em documentos, os fãs do podcast compilam fotos atuais e antigas de dentro e fora do imóvel, assim como informações sobre o filho do casal Bonetti e a atual família do marido de Margarida. Alguns usuários se queixam da fama que a foragida adquiriu e questionam a repercussão do caso, a exposição do nome da vítima e a espetacularização do crime. “É triste que as pessoas estejam fazendo dessa situação um espetáculo”, publicou perfil. No último domingo, a equipe da ativista Luisa Mell invadiu residência para resgatar dois cachorros que estavam abandonados na casa após suposta fuga de Margarida, conforme especula internet. Apesar da comoção, o FBI não pode retomar as investigações sobre o envolvimento dela no crime porque o Brasil não permite a extradição de pessoas que nasceram no país.

Confira a repercussão na internet:

 

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