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Entenda a condição que causou a morte da jornalista Glória Maria

Handout file picture released by O Globo TV of Brazilian journalist Gloria Maria posing for a portrait at the Globo TV studios in Rio de Janeiro, Brazil, on May 04, 2018. - Gloria Maria, 73, who had been diagnosed with lung cancer in 2019 and then suffered metastasis to her brain, died on February 2, 2023, in Rio de Janeiro, TV Globo reported. (Photo by RAMON VASCONCELOS / Globo TV (Brazilian TV channel) / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO - GLOBO TV-RAMON VASCONCELOS " - NO MARKETING - NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS

A dois dias do Dia Mundial de Combate ao Câncer, a jornalista Glória Maria morreu após enfrentar dois tumores: um no cérebro e outro no pulmão. De acordo com comunicado da TV Globo, ela tratava de metástases cerebrais e o tratamento havia deixado de fazer efeito nos últimos dias. De acordo com o Ministério da Saúde, o câncer de pulmão é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil. A estimativa é que mais de 30 mil novos casos sejam diagnosticados por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O órgão ainda indica que o câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres, representando aproximadamente 25% do total de óbitos de origem cancerígena. Já o câncer de cérebro é mais raro, com incidência de 11 mil novos casos por ano. Neurocientista PhD, Fabiano de Abreu Agrela explica que a condição de Glória Maria — as metástases — são células cancerígenas que se espalham por outros órgãos e que esse tipo de câncer é um dos que possuem maior probabilidade se espalhar pelo corpo até atingir o cérebro. “O câncer de pulmão é um dos cânceres com maior probabilidade de se espalhar para o cérebro. Aproximadamente 10% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC) têm metástases cerebrais no diagnóstico inicial e até 40% acabarão desenvolvendo tumores cerebrais durante a doença. Diferente do câncer cerebral, que se origina no cérebro e consiste em células cancerígenas cerebrais, as metástases cerebrais do câncer de pulmão ocorrem quando as células cancerígenas se desprendem do tumor nos pulmões e entram na corrente sanguínea ou viajam pelo sistema linfático até o cérebro, onde se multiplicam”, emendou. Segundo o especialista, à medida que os tumores cerebrais metastáticos crescem, eles podem danificar diretamente as células ou afetar o cérebro indiretamente, comprimindo partes dele ou causando inchaço e aumento da pressão dentro do crânio. Os primeiros sinais de alerta podem ser sutis e facilmente atribuídos a outras causas, incluindo quimioterapia. Ele ainda ressalta que a morte não foi por câncer no cérebro e sim de metástases cerebrais. “O nome certo a dar é câncer de pulmão com metástase cerebral ou metástase de câncer no cérebro”, pontua.

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Neurocirurgião do Hospital Sírio Libanês e Mestre em neurociências pela Unicamp, Henrique Lira complementa que apenas tumores malignos são as metástases cerebrais. “Ele é oriundo de um câncer em outra região do corpo. Então, essas células cancerígenas acabam migrando para corrente sanguínea, na maioria das vezes, e se implantam em outra região do nosso corpo. E da mesma forma acontece com o cérebro, né? Então, as metástases cerebrais são lesões malignas que na maior parte das vezes podem precisar de tratamento cirúrgico e também associado à quimioterapia e radioterapia. Suspeitamos de um tumor cerebral quando o paciente apresenta algum tipo de sintoma neurológico novo e atípico de evolução progressiva. Por exemplo, uma dor de cabeça que o paciente nunca teve e passou a ser recorrente, ter todos os dias, em um caráter progressivo e intenso. Além disso, outro sintoma são síndromes epiléticas, crise convulsiva ou alguma outra alteração em que há suspeita de uma crise epilética que o paciente nunca teve antes. Quando é identificado uma suspeita na ressonância magnética, temos que identificar qual a natureza dessa lesão cerebral. Muitas vezes o paciente precisa ser submetido à cirurgia. Inclusive, de urgência para que a lesão seja retirada e enviada para biópsia, que é o exame mais confiável para fechar diagnóstico. Quando se constata um tumor maligno, na maioria das vezes, é preciso de um tratamento complementar com quimioterapia e radioterapia”, esclarece. Lira finaliza afirmando que é sempre um desafio para o paciente, família e equipe médica enfrentar esse diagnóstico.

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