‘É uma raiva que não cabe em mim’, afirma neta de Christina Rodrigues após morte da atriz
Artista estava na enfermaria de UPA no Rio com sintomas de Covid-19 aguardando uma vaga no CTI
A morte da atriz Christina Rodrigues, de 57 anos, é mais uma prova de que a pandemia não deu uma trégua e deve continuar sendo levada a sério. O falecimento da artista aconteceu na manhã de quinta-feira, 17, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca, zona Norte do Rio de Janeiro. Ela aguardava uma vaga no CTI de algum hospital público, pois apresentava sintomas da Covid-19. A atriz chegou a fazer o teste, mas o resultado não saiu. “Minha avó sentiu muita falta de ar semana passada, mas achou que fosse da asma. Quando a falta de ar ficou mais crítica, ela foi pra UPA, fez exames, ficou isolada, sendo cuidada na enfermaria esperando vaga pro CTI e aguardando o resultado do exame de Covid”, contou a neta de Christina, Isabela Simões, em entrevista à Jovem Pan.
Durante o tempo em que esteve na UPA, na qual deu entrada na segunda-feira, 14, a família ficou em constante contato com as assistentes sociais da unidade de saúde e com a atriz – quando ela tinha acesso ao celular. Isabela não escondeu a frustração de imaginar que a avó poderia ter sobrevivido se tivesse sido encaminhada para o CTI a tempo. “É revoltante. É uma raiva que não cabe em mim. Mas a minha avó sempre me ensinou sobre o amor. A memória dela é muito mais importante nesse momento. O luto. O amor. O carinho. Preciso me concentrar nisso pra diminuir o buraco que está no meu peito”, afirmou.
Emocionada, a neta da atriz, que atuou em novelas da Globo como “Malhação” e “Segundo Sol” e no humorístico “Zorra Total”, falou que sua avó era a pessoa mais “cheia de vida” que ela conheceu. “Não dá pra imaginar que existe vida sem a dela. Ela era uma artista completa, uma amiga leal e o amor mais puro, sincero e saudável que eu já vi. Poder amar ela e ser amada por ela é o maior presente da minha vida. Ela sempre vai viver em mim. O colo dela, as canções pra dormir, o mate que ela faz, os bolos, o ‘eu te amo’ cantado, o esporro pelo toque da campainha chato que eu faço, as críticas artísticas. Ela vê beleza em mim quando eu achava que não existia.”
A pandemia segue fazendo inúmeras vítimas e o número de casos no Brasil já ultrapassa 7,1 milhões. Isabela ressaltou a importância de seguir o isolamento social e ressaltou que é preciso ter claro que cada vítima tem uma família que, ao perder algum parente para a doença, precisa lidar com a dificuldade da perda. “A gente nunca acha que vai ser com a gente. Eu via números todos os dias sobre a situação de saúde do país. Hoje, eu vejo vidas, sofrimento e lembranças. Temos que humanizar os números, humanizar o sistema de saúde, segurança, transporte. Somos pessoas, não estatísticas”, finalizou.
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