Frei Betto diz que América Latina é continente que tem mais esperança

  • Por Agencia EFE
  • 28/05/2014 10h16
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Fabio Agrana.

Panamá, 27 mai (EFE).- Em visita ao Panamá, Frei Betto afirmou nesta quarta-feira que a América Latina é o continente que tem mais esperança de futuro no mundo porque é uma região com mais democracia, maior participação política e que mais reduziu sua desigualdade social.

O religioso e escritor, pouco antes de fazer uma conferência na Cidade do Saber (CDS) – antigo centro de formação militar transformado em centro científico e tecnológico na Zona do Canal do Panamá – sobre os novos movimentos sociais e as opções de futuro para a América Latina, disse em entrevista à Agência Efe que determinadas mudanças positivas só estão acontecendo nessa região.

Frei Betto ressaltou que o que acontece na América Latina não acontece na Ásia, que está “congelada” por governos que não mudam; nem na África, que arrasta o “sofrimento” de ciclos de colonialismo europeu; tampouco na Europa, que está “retornando ao fascismo” com a “vitória das direitas, sobretudo agora no parlamento europeu”.

“Então, o que há de novo no mundo hoje são os governos democráticos populares da América Latina e a integração entre esses governos latino-americanos e caribenhos”, opinou.

O autor de “Batismo de sangue” acrescentou que, por isso, o povo olha para esses governos com “muita esperança, porque a América Latina reduziu a desigualdade social nas últimas duas décadas, há muito mais democracia, muito mais participação política, muito menos ingerência do Fundo Monetário Internacional e da Casa Branca”.

“Ou seja – destacou – estamos indo por um caminho que corresponde melhor às aspirações e aos desejos dos mais pobres, apesar de todas as dificuldades e contradições, que são normais”.

Nesse sentido, Frei Betto – cujo verdadeiro nome é Carlos Alberto Libânio Christo – disse que por tudo isso a América está vivendo “novos tempos”.

Entre os exemplos desses novos tempos e das novas maneiras de pensar o mineiro de Belo Horizonte destaca a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), inclusive a solidariedade com Cuba e contra o embargo dos Estados Unidos que é, opinou, “um fato inédito e que era inconcebível há dez ou 15 anos atrás”.

Outra mudança que o escritor e filósofo avalia positivamente para o futuro da América Latina é que “felizmente”, na atualidade “não há nenhum grupo de esquerda que proponha a luta armada”.

Para ele, a luta armada hoje na América Latina “interessa só a dois setores: a extrema direita e os fabricantes de armas”, e que “nem as próprias Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) querem a luta armada: querem um acordo de paz”.

Frei Betto ressaltou, ainda, que a alternativa que se apresenta agora com essa situação é “como encontrar dentro dos meios pacíficos uma alternativa ao capitalismo. Hoje, é principal desafio da América Latina”.

Mesmo assim, considerou que embora “não seja fácil, é preciso tentar, porque a história avança apesar de que (Francis) Fukuyama diz que a história terminou – o que é um pecado contra a esperança, que é uma virtude cristã”.

O religioso também se referiu às políticas de abertura que o presidente de Cuba, Raúl Castro, está promovendo, e disse que não acredita que as mesmas ponham em risco seu modelo socialista.

Analisou, quanto a isso, que espera que o futuro de Cuba “não seja o presente da Guatemala, o presente de Honduras e de tantos países pobres e miseráveis que são países capitalistas no mundo”.

“Então espero que todo esse processo de mudanças em Cuba seja para melhorar seu modelo socialista”, considerou Frei Betto.

O pensador também destacou que a revolução em Cuba melhorou as condições de vida do povo e que até quando “há pobreza, não há miséria, não há nenhuma família que dorme na rua, não há máfias de drogas ou crianças abandonadas como há no Brasil”.

Por outro lado, o idealizador da “Teologia da Libertação” disse que o movimento está saudável e que inclusive é visto “com simpatia” pelo papa Francisco, com quem se reuniu em Roma no dia 9 de abril. EFE

fa/tr

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