Mamonas Assassinas x politicamente correto: banda seria sucesso hoje em dia?
Duas décadas atrás, o Brasil viu morrer um dos maiores fenômenos musicais da história de sua música pop. Do lançamento do álbum homônimo, em junho de 1995, até o trágico acidente aéreo, em 2 de março de 1996, os Mamonas Assassinas dominaram as emissoras de TV e as rádios, venderam mais de três milhões de cópias e fizeram shows, muitos shows.
O talento musical dos integrantes da banda e principalmente a capacidade de satirizar tudo aquilo que queriam, além de inegável carisma, os fizeram cair no gosto popular. O irreverente quinteto se tornou referência para milhares de crianças e adolescentes na metade dos anos 90.
20 anos depois, muita coisa mudou na música e na sociedade brasileira como um todo, inclusive a maneira como a opinião pública lida com questões polêmicas, que costumam ser amplificadas e discutidas à exaustão nas redes sociais.
Neste Brasil mais politicamente correto, como será que a zoação dos Mamonas Assassinas com nordestinos, gays e mulheres seria vista? O humor escrachado de Dinho seria alvo do “textão” no Facebook?
A JP Online entrou na discussão e separou 7 músicas em que o senso de humor dos Mamonas poderia gerar debates acalorados entre fãs e críticos:
“1406”
Nesta faixa o consumismo é criticado, mas em alguns versos a mulher é depreciada pelo marido, que, para mantê-la feliz, precisa comprar tudo que ela deseja:
Mas a pior de todas é minha mulher / Tudo o que ela olha a desgraçada quer
Televisão, microondas, micro system, microscópio, limpa-vidro, limpa-chifre e facas ginsu
“Vira-Vira”
Além de fazer piada de português, a música têm inúmeros versos de conotação sexual, abuso contra a mulher e palavras que assustariam os pais mais conservadores.
Fui convidado pra uma tal de suruba / Não pude ir, Maria foi no meu lugar
Depois de uma semana ela voltou pra casa / Toda arregaçada, não podia nem sentar
“Pelados em Santos”
Em “Pelados em Santos”, o sujeito nordestino narra a sua paixão não correspondida. No refrão, conta que a amada não está interessada em um cara como humilde como ele:
Mas comigo ela não quer se casar / Na Brasília amarela com roda gaúcha, ela não quer entrar
Feijão com jabá / A desgraçada não quer compartilhar
“Uma Arlinda Mulher”
O verso “Te falei que era importante competir / mas te mato de pancada se você não ganhar” poderia ser interpretado como um incentivo à violência contra a mulher. E depois ainda tem uma frase preconceituosa contra o cabelo afro:
Você é uma besta mitológica com cabelo pixaim parecida com a Medusa
“Jumento Celestino”
Embora o baião dos Mamonas valorize o ritmo tipicamente brasileiro, a xenofobia contra nordestinos está explícita nos versos da canção:
Tava ruim lá na Bahia, profissão de bóia-fria / trabalhando noite e dia, não era isso que eu queria / eu vim-me embora prá Sum Paulo
Hoje eu tô arrependido de ter feito migração / volto pra casa fudido, com um monte de apelido / o mais bonito é cabeção
“Lá Vem o Alemão“
Em “Lá Vem o Alemão“, novamente a mulher é descrita como interesseira. Um alemão rico e bonito leva embora o amor de um sujeito pobre.
A Kombi quebrada lá na praia / E você de minisaia / Dando bola para um alemão
O alemão de carro conversível / Eu mexendo “nos fusível” / Nem vi quando você me deixou
“Robocop Gay”
Seria “Robocop Gay” uma música homofóbica? A letra debocha sobre “sair do armário”:
Um ser humano fantástico / com poderes titânicos
Foi um moreno simpático / por quem me apaixonei
E hoje estou tão eufórico / com mil pedaços biônicos
Ontem eu era católico / Ai, hoje eu sou um gay
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