Medina acredita que Rock in Rio 2021 será comemoração pós-coronavírus

  • Por Jovem Pan
  • 08/04/2020 11h53
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO rock in rio A próxima edição do Rock in Rio no Brasil está programada para 2021

O empresário Roberto Medina, responsável pelo Rock in Rio, acredita que a próxima edição do festival no Brasil, agendada para 2021, pode ser uma espécie de libertação da população após a pandemia do novo coronavírus.

“Eu estou neste momento em minha fazenda, em um lugar maravilhoso. E mesmo assim, sem poder sair daqui, posso sentir como precisamos de liberdade”, disse Medina. “Quando eu fui sequestrado [em 1990], voltei iluminado, eu estava vivo, queria fazer tudo acontecer”, continuou.

Para ele, outros eventos devem sofrer mais com o trauma pós-pandemia, como o próximo réveillon e o carnaval de 2021, do que o Rock in Rio. “Até setembro, as pessoas vão estar mais preparadas. Elas devem ter uma reação rápida, terão uma necessidade de comemorar. A minha aposta é de que essa sociedade vai estar com desejo de ir para a rua.”

Ruy Castro lembra em seu recente livro, “Metrópole à Beira Mar”, como o carnaval do Rio de 1919, o primeiro após a epidemia de gripe espanhola que matou cerca de 100 milhões de pessoas, acabou se tornando a festa da vida, o desbunde dos confinados, a desforra dos sobreviventes – algo que pode acontecer com o próximo Rock in Rio.

Por outro lado, festivais que reúnem grandes massas, como o RiR e seus 700 mil espectadores por edição, vão sofrer alterações. Segundo algumas previsões do comportamento social pós-pandemia, as pessoas levarão um tempo para voltar a frequentar lugares com grandes concentrações e, mesmo aquelas que forem a shows, tomarão precauções, como o uso de máscaras e distanciamento físico, que podem aniquilar parte da entrega em massa da plateia que faz parte do show. Mas Medina diz que o tempo joga a seu favor e que, em um certo sentido, o confinamento também.

Turismo

Um outro efeito poderia ajudar os eventos no País em meio à reconstrução de 2021, algo parecido com o que aconteceu com a crise mundial de 2008. “O turismo movimenta todos os anos cerca de R$ 75 bilhões. Como as pessoas estarão traumatizadas com as viagens, e ainda não saberemos como serão as viagens, há uma expectativa de que cerca de R$ 20 bilhões que iriam para o turismo ficarão no Brasil”, afirmou o empresário. Assim, os shows e o turismo interno, casos do Rock in Rio, podem entrar como o gasto que elas fariam com a verba que seria usada para as viagens ao exterior.

Medina disse que o grande problema é o fato de não termos uma política pública definida para o setor de turismo e entretenimento no País. Ainda há uma ideia no Brasil, segundo ele, de que “festa é gasto”. “Vemos muitas vezes notícias como ‘a prefeitura do Rio gastou tanto com o show de Zeca Pagodinho‘. Gastou p… nenhuma. Isso não é gasto, é investimento”, defendeu.

O pós-confinamento pode ser a chance para o desbloqueio de uma máquina travada há anos, em suas considerações. “A função do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) seria a de sustentar os empresários pequenos e médios, mas eles não conseguem vencer a burocracia para terem acesso a linhas de crédito.”

Ele acredita que a saída passa por uma política na qual o Estado entraria para fazer a roda girar e iria retirando sua participação aos poucos. “Se o Estado não entrar, a roda não gira”, explicou. Medina lamenta que ainda não haja entendimento para se criar uma estrutura rentável. “Fazer cultura é algo muito barato.”

*Com Estadão Conteúdo

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