Thammy Miranda diz que não precisa mudar o órgão genital: “quero ser um homem mais evoluído”
Thammy Miranda em entrevista ao Morning Show
Thammy Miranda em entrevista ao Morning ShowThammy Miranda esteve no Morning Show, da rádio Jovem Pan, para divulgar seu novo projeto no YouTube, o programa “Aceita que dói menos”, que fica dentro do canal “Na Lata”, onde a atriz debate questões enfrentadas pelos homossexuais com a família e com a sociedade. “A gente gravou um ontem em que a mãe expulsou o filho de casa com 15 anos. Ele queria ir para Salvador e não tinha dinheiro, e acabou indo para o Rio de Janeiro. Quando ele ligou para a mãe, ela disse que achou que ele tinha morrido porque, para a mãe, ‘viado’ morre de AIDs”.
Além dos temas polêmicos no programa, também há muita polêmica na vida pessoa de Thammy. A modelo declarou que não se incomoda com a forma como as pessoas a chamam: ele ou ela. “O artigo você usa qualquer um. Eu sou a Thammy há 32 anos, então isso não vai fazer diferença para mim. Meus amigos já me chamam de ‘ele, dele’, mais no masculino”, declarou.
Em sua família, o processo para se assumir dividiu opiniões. O lado do pai mostrou maior aceitação, já o lado da mãe ofereceu maior resistência de início. “Quando a gente tem o apoio dentro de casa, é menos doloroso pra enfrentar a sociedade”, salientou a modelo, que garantiu que a pior forma de preconceito é a que existe dentro do próprio lar. “O pior é dentro de casa. Se você tem o conforto do seu lar, você enfrenta o mundo”.
Mas o preconceito nas ruas não deve ser descartado. “Pessoalmente ninguém veio falar comigo, mas na internet tem macho pra caramba”, brincou a atriz sofre os agressores virtuais que não têm coragem de criticá-la pessoalmente.
Thammy também contou que o processo de reconhecimento sexual vem aos poucos. “Não vem de uma vez, vai vindo. Eu sabia o que eu não queria, o que não me fazia bem. Meu cabelo não me fazia bem, minhas roupas não me faziam bem, meus seios não me faziam bem”, disse a atriz.
Depois da aceitação individual, vem a luta para se impor aos outros. “Eu achava que eu teria que andar com uma plaquinha pras pessoas saberem que eu gostava de menina”, comentou a a modelo sobre os primeiros anos de aceitação.
Com a cirurgia de retirada das mamas já concluída, Thammy disse que não tem vontade de mudar o órgão genital – cirurgia conhecida como transgenitalização – por medo. “A vagina não me incomoda. [Fazer cirurgia na vagina] já não vale porque eu tenho medo de não funcionar. Agora eu estou fazendo a terapia hormonal.” E completou: “Eu não quero ser um homem que é determinado pelo órgão genital. Eu quero ser um homem mais evoluído”.
Com o tratamento hormonal à base de testosterona, a atriz não pode mais ser mãe, fato que também nunca a incomodou porque ela nunca teve desejo de gerar um filho em seu ventre. “Eu, desde criança, nunca me imaginei tendo um filho da minha barriga. Nunca tive essa vontade.”
As doses de testosterona que recebe são de um home comum da sua idade, que é 32 anos, mas, mesmo assim, Thammy garantiu que o tesão que sente agora é muito maior. “O hormônio testosterona dá um tesão muito maior. Quando é pra falar sobre sexo, tem que reunir os homens.”
Thammy também foi elogiada por entrevistar cara a cara nomes polêmicos que têm opiniões preconceituosas sobre a homossexualidade. Uma das entrevistas aconteceu em sua participação no programa de Raul Gil, onde entrevistou Marco Feliciano. Mas a modelo entende que seu papel é de tentar amenizar o discurso de ódio muita vezes propagado por pessoas como ele. “Eu não me incomodo. Acho importantíssimo entrevistá-lo. Ele tem que ser entrevistado para tentar transmitir mais amor, ele deveria emanar mais amor”, concluiu.
O programa “Aceita que dói menos” estreia às 22h desta quarta-feira (13) no YouTube, dentro do canal “Na Lata”, de Antonia Fontenelle.
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