Kleber Mendonça Filho entra para o júri de Cannes presidido por Spike Lee
Diretor diz estar empolgado com a oportunidade: ‘Tenho certeza de que esse festival será histórico’
Kleber Mendonça Filho integrou ano passado o júri presidido pelo ator Jeremy Irons no Festival de Berlim. O diretor entregou o Urso de Prata de melhor direção para o sul-coreano Hong Sang-soo. Este ano, o Festival de Cannes volta a ser presencial, e Kleber de novo integra o júri, que vai outorgar a Palma de Ouro, presidido pelo cineasta Spike Lee. Na era das discussões de gêneros, Cannes ainda pode ter poucas mulheres na competição – quatro, num total de 24 concorrentes –, mas elas são maioria no júri. Cinco em um total de nove, sendo elas as atrizes Maggie Gyllenhaal e Melanie Laurent, as diretoras Mati Diop e Jessica Hausner e a cantora Mylène Farmer. Cannes iniciou na terça-feira, 6, sua 74ª edição. Concorrem grandes nomes do cinema mundial. No sábado, 17, haverá o anúncio dos prêmios.
Kleber tem sido presença frequente em Cannes, e quando recebeu o convite para integrar o júri, ele não vacilou. “Estou há 16 meses sem ir ao cinema. Durante toda a pandemia, com a situação crítica vivida pelo Brasil, ficamos em casa, isolados. Estamos [ele, a mulher, a produtora Emilie Lesclaux, e os gêmeos] agora em Bordeaux, a caminho de Cannes”, contou em uma entrevista por e-mail ao Estadão. A França vive atualmente uma situação de quase normalidade. “Já é possível andar na rua sem máscara, mas ela é obrigatória em lojas, cafés, livrarias. Confesso que estou empolgado. Ver os filmes na tela do Grand Théâtre Lumière, integrando o júri de Spike Lee, com tanta gente bacana, é muito estimulante. Tenho certeza de que esse festival será histórico, e talvez ajude a responder perguntas que estão no imaginário de todo mundo que faz e vê cinema. Como ficarão os filmes após a pandemia? Como os faremos, veremos? Sinto que será uma discussão necessária, importante.”
A primeira vez de Kleber em Cannes foi em 1999, como crítico do Jornal do Commercio do Recife, depois disso, ele marcou presença por diversas vezes e essa relação intensa já dura 22 anos. “Outros festivais também fazem parte da minha vida, mas Cannes, como experiência pessoal, profissional, é o mais marcante. Foi um lugar onde fiz muitos amigos e que me deu projeção.” A experiência em Berlim, no ano passado, também foi enriquecedora. “Não importa o tamanho do festival, a dinâmica dos júris é muito parecida. A gente conhece diretores, atores, roteiristas, figuras de diversas áreas do cinema. Por um período, vendo os mesmos filmes, compartilhamos a forma de ver o cinema, o mundo, a poesia. Admiro muito Hong Sang-soo. Foi muito bom integrar o júri que reconheceu o seu imenso talento.” O filme em questão era “The Woman Who Ran”.
*Com informações do Estadão Conteúdo.
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