Comédia musical ‘Silvio Santos Vem Aí’ estreia em março em SP

  • 10/01/2020 10h17
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ROBSON FERNANDJES/ESTADÃO CONTEÚDO Carreira de Silvio Santos será tema de musical

Tudo começou como uma brincadeira festejada pelos amigos, mas agora se tornou algo profissional: a partir do dia 13 de março, o ator Velson D’Souza vai vestir um terno, ajeitar o cabelo e portar um microfone no peito para viver o protagonista de “Silvio Santos Vem Aí”, comédia musical que vai retratar a vida e a carreira de um dos maiores comunicadores da TV brasileira. “Meu desafio será o de evitar a caricatura: quero humanizar a figura do Silvio”, afirma ele, que, ao lado de outros 22 atores, inicia os ensaios na segunda (13).

Primeiro trabalho da Paris Cultural, braço teatral da Paris Filmes (produtora e distribuidora cinematográfica, em ação desde 1960), “Silvio Santos Vem Aí” não é uma biografia tradicional. “Não será uma história cronológica, mas ao sabor dos devaneios dele”, conta Marilia Toledo, diretora-geral e sócia da nova empresa, também autora do texto ao lado de Emílio Boechat.

Assim, a peça começa quando Silvio Santos, durante a gravação de um programa, percebe problemas com a voz. É um assunto delicado e ele acaba internado em um hospital – em 1986, o apresentador foi realmente hospitalizado com quadro de arritmia cardíaca. Depois de anestesiado, Silvio passa a delirar e a sonhar com seu passado, momento em que a montagem retorna para 1945, quando ele tinha apenas 15 anos, iniciando um flashback.

“Ele mistura o passado com devaneios. A partir daí, vamos revelando detalhes pouco conhecidos da vida dele, como o fato de o pai ter uma loja e não ser camelô, e o apelido que Silvio ganhou do apresentador Manoel de Nóbrega: Peru que Fala, por enrubescer facilmente”, conta Marilia, que também vai assinar a direção do espetáculo, ao lado de Fernanda Chamma – a direção musical será de Marco França. “Nós nos inspiramos no filme ‘All That Jazz’, de Bob Fosse, em que um coreógrafo revisita a própria vida ao ficar internado.”

A trama chegará até os anos 1990, portanto, não vai tratar de assuntos delicados – como o sequestro da filha Patricia, em 2001, ou mesmo de recentes comentários feitos pelo apresentador, considerados controversos.

Aliás, sobre o assunto, para definitivamente confirmar que não haveria uma rejeição do público em relação a Silvio Santos, Marilia encomendou uma pesquisa. O resultado foi reconfortante. “Percebemos que a aprovação é grande também entre os jovens que, curiosamente, passaram a conhecer melhor o Silvio a partir dessas notícias”, disse.

Marilia sente-se confiante também com a escalação de Velson D’Souza como protagonista do espetáculo. “Além de grande imitador [faz também Selton Melo e Marília Gabriela], ele tem um tipo físico semelhante ao do Silvio jovem. E, muito importante, Velson raciocina como o Silvio – percebemos isso durante a semana de workshop que fizemos em dezembro, em que todos os atores improvisaram muito.”

Velson tem consciência do desafio, mas se sente amparado pela experiência. Aos 35 anos, o ator nascido em Ribeirão Preto vive nos Estados Unidos desde 2011, para onde foi estudar – hoje vive em Los Angeles, depois de uma temporada em Nova York. “Acertei minha permanência em São Paulo até junho”, conta ele, que imita Silvio Santos desde 2005, quando participou da peça “Avoar”, ao lado de Tiago Abravanel, neto do apresentador. “Por conta disso, era comum brincar com imitações”, relembra.

Outra proximidade aconteceu quando Velson começou a fazer novelas no SBT, como “Revelação” e “Véu de Noiva”. Até que o próprio Silvio Santos selecionou o ator para participar do quadro Jogo dos Pontinhos. “Durante quase seis meses, gravávamos três vezes por semana e o Silvio sempre vinha nos cumprimentar no camarim”, conta ele. “Ali, ele era mais natural, sem a pose de apresentador.”

Velson sabe que terá de evitar a caricatura para honrar sua apresentação. Para isso, revê vídeos de programas em busca de detalhes. “Vou contar também com o apoio do resto do elenco, todos com missão semelhante.” De fato, o musical pretende recriar quadros que se tornaram clássicos como “Qual é a Música?”, “Topa Tudo por Dinheiro” e o famoso “Show de Calouros”, que deverá encerrar o espetáculo. “Talvez vamos recrutar pessoas na plateia”, diverte-se Marilia. “Daí a importância dos atores saberem improvisar.”

Todos trabalham já com afinco. “Viverei o jurado Pedro de Lara, que era um personagem hilariante”, conta Ivan Parente, um dos grandes atores do musical brasileiro. “Busco essa alternância entre ser romântico e agressivo que marcava o Pedro, um homem explosivo, que mantinha rixa com a plateia e outros jurados, portanto era amado e odiado.”

Também Adriano Tunes, outro expoente do gênero, estuda os detalhes de um personagem que fez história no humor brasileiro: a Velha Surda da “Praça da Alegria”, programa que se transformou na “Praça é Nossa”. “Sempre foi uma das minhas paixões no humor, mas que vai exigir muito da minha interpretação.”

Desafio particular vai enfrentar Diego Montez, escalado para viver o próprio pai, o apresentador Wagner Montes. “Fiquei emocionado com o convite. E, quando comecei a rever os vídeos, descobri que tenho vários trejeitos dele. Será uma grande homenagem.”

*Com Estadão Conteúdo

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