Arquibancada pune: Bélgica vence Rússia e vai às oitavas, mas Maracanã vaia
Bruno Guedes.
Rio de Janeiro, 22 jun (EFE).- Ainda longe de mostrar o futebol que dela se espera, a seleção da Bélgica venceu neste domingo a Rússia por 1 a 0 e garantiu vaga pelo grupo H nas oitavas de final da Copa do Mundo com uma rodada de antecipação, mas não conseguiu agradar o público presente ao Maracanã, que por esperar um espetáculo “padrão Fifa” por parte das duas seleções e se decepcionar com a (falta de) qualidade da partida, não poupou vaias.
O gol isolado do duelo foi marcado pelo atacante Divock Origi, que entrou na etapa complementar e balançou as redes aos 43 minutos. O lance concluído pelo jogador do Lille foi um dos raros lampejos de Eden Hazard na partida, já que o meia deu assistência para o companheiro marcar.
A partida, que ficou bem perto de ter o terceiro 0 a 0 da Copa, ficou marcada mais pelas vaias que partiram dos torcedores brasileiros do que pelas jogadas em campo. Na reta final do segundo tempo, houve gritos de “segunda divisão” e “time sem vergonha” para as duas seleções.
Com o resultado, os belgas chegam a seis pontos e podem até garantir a primeira colocação do grupo H, desde que Coreia do Sul e Argélia empatem em duelo que acontece às 16h (de Brasília) no Beira-Rio, em Porto Alegre. Sul-coreanos e russos, que têm um ponto cada, e os argelinos, que estão zerados, vêm a seguir na tabela.
O confronto entre belgas e russos deste domingo foi o segundo genuinamente europeu realizado no Maracanã em Copas do Mundo. Em 1950, a Espanha bateu a Inglaterra por 1 a 0 no estádio, ainda na fase de grupos.
Nesta edição do torneio, mais dois podem acontecer, nas quartas e na final. Nas oitavas, a possibilidade já está excluída, porque no grupo C, apenas Colômbia ou Costa do Marfim podem terminar na primeira posição, encarando Costa Rica, Itália ou Uruguai.
Para o jogo de hoje, as duas seleções vieram a campo modificadas com relação ao jogo inicial. O técnico Marc Wilmots promoveu três alterações, sendo a mais destacada a entrada de Fellaini no lugar de Dembelé. O italiano Fabio Capello promoveu duas mudanças na Rússia, com Kozlov e Kanunnikov ganhando as vagas de Eshchenko e Zhirkov.
Se “perdeu” no número de mexidas na equipe, a seleção do Leste Europeu “ganhou” na hora do hino. Empolgados, os russos cantaram alto e superaram os belgas neste duelo, apesar das arquibancadas estarem, aparentemente, divididas numericamente.
O confronto começou elétrico e parecia que agradaria aos torcedores. Com menos de um minuto, Mertens de um lado e Kombarov do outro tentaram criar chances de gol, mas acabaram impedidos pelos zagueiros adversários.
O ritmo frenético dos instantes iniciais foi quebrado pelos Diabos Vermelhos, que passaram a trocar passes no campo de defesa, aguardando o melhor momento para atacar, incomodando alguns torcedores, que chegaram a ensaiar vaias, que não duraram muito tempo.
O bom toque de bola belga contrastava com o estilo adversário, nitidamente baseado no contra-ataque. Foi utilizando deste artifício que, por pouco, os russos não marcaram aos 12 minutos, quando Shatov recebeu na esquerda, se livrou da marcação, cortou para o meio e passou para Fayzulin, que bateu para boa defesa de Courtois.
O susto acendeu o torcedor, mas não mudou o ritmo do jogo, que tinha os belgas controlando a posse de bola. Tanto é que, no lance seguinte, Mertens ficou muito perto de deixar Lukaku na cara do gol. Para a sorte dos russos, o zagueiro Ignashevich apareceu bem na cobertura, cortou o passe e evitou o perigo.
Aos 20, o até então sumido Hazard apareceu. Após arrancada da intermediária, o meia entrou na área e finalizou à esquerda de Akinfeev. Um minuto depois foi a vez de Mertens tentar, mas o meia-atacante acabou concluindo a boa trama belga com chute para fora.
Explorando melhor as jogadas ofensivas, a Rússia ficou muito perto de marcar de novo aos 30 minutos, quando Shatov puxou contra-ataque, carregou até a entrada da área e fuzilou, parando em mais uma boa defesa de Courtois.
Logo depois do lance, o técnico Marc Wilmots precisou mexer na equipe, já que Vermaelen deixou o campo. O zagueiro, que vinha atuando como lateral esquerdo, sentiu lesão muscular no aquecimento antes do jogo, e acabou sucumbindo às dores. Em seu lugar entrou Verthongen.
Enquanto isso, o endiabrado Mertens, um dos poucos inspirados na seleção belga, tentava levar perigo. Aos 32, ao receber na extrema direita, o meia-atacante entortou Kombarov, invadiu a área e bateu para defesa de Akinfeev, que impediu o gol no chute, assim como a chegada de outro adversário para escorar para as redes.
Menos encolhida no fim do primeiro tempo, a Rússia ficou perto de marcar em chute de longa distância de Fayzulin aos 41, mas principalmente, em cabeçada de Kokorin. Depois de ótimo cruzamento da esquerda feito por Glushakov, o centroavante ficou frente e frente com Courtois, mas acabou testando pra fora.
Para o segundo tempo, as equipes voltaram como terminaram o primeiro nas formações, mas também no desempenho em campo. Desorganizados, os belgas permitiram começo melhor do adversário, que tentava apostar nas jogadas em velocidade.
A insatisfação de Wilmots era evidente, tanto é que, aos 12 minutos, o técnico realizou a segunda mudança na equipe, a primeira no setor ofensivo, colocando Origi em campo no lugar de Lukaku. O jogador que pertence ao Chelsea saiu reclamando muito por deixar a partida.
Na primeira vez em que foi acionado, o centroavante do Lille receberia passe de Hazard dentro da área quando caiu após contato de Ignashevich. O árbitro alemão Felix Brych, contudo, não considerou o lance faltoso, para desespero dos belgas, que reclamaram de pênalti.
No lance, o defensor russo caiu e precisou atendimento por sentir cãimbras. Pouco depois, aos 17 minutos, foi a vez do lateral direito Kozlov deixar o campo sentindo dores musculares, dando lugar a Eshchenko, titular contra os sul-coreanos.
A queda do nível da partida após a primeira metade do primeiro tempo começou a incomodar muito quem estava nas arquibancadas. Enquanto os russos gritavam o nome de seu país, os belgas permaneciam mais silenciosos, e os brasileiros optavam por vaiar bastante cada jogada errada.
Aos 26, voltou a acontecer uma boa oportunidade, quando Kombarov cobrou escanteio na área e Kokorin testou dividindo com a defesa, em bola que acabou saindo pela linha de fundo, em escanteio. Pouco depois, em cobrança de falta da esquerda, foi a vez de Ignashevich tentar, mas com menos precisão, também cabeceando para fora.
A torcida passou a pegar o pé dos jogadores, gritando “segunda divisão” e “time sem vergonha” para os dois lados. Aos 35 minutos, durante um atendimento médico, os russos correram para perto do banco de reservas com objetivo de beber água, e foram vaiados por isso.
No reinício da partida – talvez recarregados pela reidratação -, por pouco a seleção do Leste Europeu não abriu o placar aos 36, quando Eshchenko recebeu na direita, invadiu a área e bateu cruzado, tirando tinta da trave direita de Courtois.
A resposta veio aos 41 minutos, em cobrança de falta da entrada da área de Hazard. O craque mostrou categoria ao tirar da barreira e deixar Akinfeev parado, mas acabou acertando a trave. Pouco depois, o meia apareceu de novo, fintando e batendo da entrada da área, à esquerda do gol. Os lances, ao menos, levantaram a torcida.
Definitivamente dentro do jogo, Hazard brilhou intensamente aos 43 minutos do segundo tempo, quando recebeu na esquerda, fintou o marcador e só rolou para trás, permitindo que Origi fuzilasse Akinfeev, enfim mexendo no placar da partida.
Depois do gol, os belgas ainda tiveram chance de ampliar. Hazard fez outra bela jogada e serviu Mirallas – que havia entrado um pouco antes no lugar de Mertens. O atacante, no entanto, não caprichou, batendo em cima do goleiro rival e abaixo da crítica.
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Ficha técnica:.
Bélgica: Courtois; Alderweireld, Van Buyten, Kompany e Vermaelen (Verthongen); Witsel, Fellaini e De Bruyne; Mertens (Mirallas), Hazard e Lukaku (Origi). Técnico: Marc Wilmots.
Rússia: Akinfeev; Kozlov (Eshchenko), Vasily Berezutsky, Ignashevich e Kombarov; Glushakov, Samedov (Kerzhakov), Fayzulin, Shatov (Dzagoev) e Kanunnikov; Kokorin. Técnico: Fabio Capello.
Árbitro: Felix Brych (Alemanha), auxiliado pelos compatriotas Mark Borsch e Stefan Lupp.
Gol: Origi (Bélgica).
Cartões amarelos: Witsel e Alderweireld (Bélgica); Glushakov (Rússia).
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. EFE
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