Brasil ganha só 10% a mais de medalhas com o dobro de recursos, mas COB festeja

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/08/2016 16h21

"É natural que ajustes necessários sejam feitos ao longo dos próximos dias" José Cruz/Agência Brasil Carlos Arthur Nuzman - Ag Brasil

Após receber investimentos na casa de R$ 1,4 bilhão nos últimos quatro anos e ficar abaixo da meta de conquistar pelo menos o décimo lugar no quadro geral de medalhas, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) considerou “extraordinária” a participação do Time Brasil nos Jogos do Rio. O País encerrou a competição com 19 medalhas e o 12º lugar na soma total de pódios Em Londres-2012, o Brasil havia conquistado duas medalhas a menos.

O baixo crescimento – de cerca de 10% – não pode ser creditado à falta de investimentos nos últimos quatro anos. No total, o COB recebeu cerca de R$ 700 milhões em repasses através da Lei Agnelo-Piva, e o montante dobrou com a injeção de recursos de patrocinadores privados. No ciclo olímpico anterior, entre os Jogos de Pequim e Londres, o orçamento da entidade foi 50% inferior – o COB recebera R$ 390 milhões em leis de incentivo e o praticamente o mesmo valor em patrocínios.

“A meta (de ser Top 10) foi difícil e ousada, mas era factível. Tanto se mostrou que era factível que ficamos três medalhas abaixo do necessário. Os (países) que ficaram na frente estão há vários quadriênios com o investimento que tivemos agora”, afirmou Marcus Vinicius Freire, diretor executivo de Esportes do COB.

Presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman não pareceu muito à vontade quando o assunto era a meta não atingida. Ao ser lembrado que outros países que sediaram Jogos Olímpicos tiveram um salto de conquistas muito maior, ele rebateu menosprezando a situação da Grécia (sede dos Jogos de 2004, em Atenas) e, sobretudo, da Espanha (que sediou a Olimpíada de 1992, em Barcelona).

“Eu acho que a Espanha fez Olimpíada também, a Grécia fez Olimpíada também. O objetivo não é meramente numérico, ele é num todo. E ao ter esse objetivo num todo ele tem que abranger um legado que vai ficar no futuro”, ponderou Nuzman.

Pouco depois, ele voltou à mesma questão e, apesar de a Espanha ter conquistado o mesmo número de ouros do Brasil nos Jogos do Rio, considerou que o país europeu não pode ser considerado uma potência olímpica.

“Se falou muito na Espanha, mas não que a Espanha depois de Barcelona-1992 tivesse melhorado. Ao contrário, ela caiu em número de medalhas. Eu não quero que transformem a Espanha por causa do Nadal ou por causa do basquete num grande país olímpico que não o é”, disse o dirigente.

A delegação do Brasil neste ano foi a maior da história e chegou a 465 atletas. Contou muito para o número inchado o fato de a disputa ter sido no País e o Brasil ter vagas garantidas. Na avaliação do COB, o Time Brasil poderia ter até 90 atletas a menos se a competição tivesse acontecido em outro lugar.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.