Classe x raça: Zidane e Simeone fazem duelo de gigantes na final da Champions

  • Por Fernando Ciupka/Jovem Pan
  • 24/05/2016 17h12
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Divulgação/Real Madrid/Atlético de Madrid Treinadores estarão frente a frente na decisão da Liga dos Campeões da Europa

A final da Liga dos Campeões, que acontece neste sábado (28), no San Siro, em Milão, colocará Real Madrid e Atlético de Madrid frente a frente. Mas além de um grande jogo – e revanche da final da Champions 2013/14, que teve o time meregue campeão – a disputa terá um ingrediente a mais fora das quatro linhas: o confronto entre Zinédine Zidane e Diego Simeone: classe e categoria no campo x raça e vontade.

Enquanto jogadores, ambos defenderam as equipes que dirigem hoje: o francês no Real Madrid, e o argentino no Atlético de Madrid, conquistaram títulos importantes, que os levaram ao status de ídolos, cada um com seu estilo.

Na comparação depois da aposentadoria, no banco de reservas, Simeone tem mais experiência. Passando por seis equipes antes de chegar ao Atlético, o argentino conseguiu um feito que poucos treinadores alcançaram: atingiu o mesmo status perante à torcida dentro de campo e fora dele. Já Zidane tem, no Real Madrid, a sua primeira experiência como técnico de um time profissional, e já terá ao menos uma final de Liga dos Campeões no currículo. 

A Jovem Pan traçou um raio-x desses dois craques do futebol mundial. Confira:

Classe x Raça

Destaque pelo toque de bola refinado, domínio de bola impecável e jogadas magistrais dentro de campo, assistir Zinédine Zidane em campo é quase que uma obrigação para quem gosta de futebol. Não à toa vencedor do prêmio de Melhor Jogador do Mundo Fifa por três vezes, o francês que desfilava em campo levou o Real Madrid, time que jogou por mais tempo, à conquista de seis títulos, entre 2001 e 2006.

Zidane começou no Cannes-FRA, passou pelo Bordeaux-FRA e começou a mostrar o seu vistoso futebol para o mundo na Juventus-ITA, que o levou para o Real Madrid, onde encerrou sua carreira.

A carreira do francês foi marcada por diversas jogadas excepcionais e decisivas, como o golaço na final da Liga dos Campeões da temporada 2001-02, quando levou o Real Madrid ao título contra o Bayern Leverkusen, ou como na final da Copa do Mundo de 1998, em que a França bateu o Brasil por 3 a 0, com dois gols do craque, e conquistou o primeiro Mundial de sua história.

Diego Simeone ia na contra-mão do craque francês. Amado no seu país e pelos espanhóis pela raça demonstrada em campo, o argentino fazia valer a sua famosa frase: “eu joguei como se carregasse uma faca entre os meus dentes”.

Simeone não era um volante dos mais técnicos, mas se destacava pelo poder de marcação, sendo daqueles que não deixava o adversário “respirar”. E pelo estilo e função em campo, o jogador é muito lembrado por diversas jogadas violentas ou “malandragens”, típicas de jogadores argentinos.

O volante jogou em sete clubes, quase o dobro do que o seu rival do próximo sábado: Véles Sársfield-ARG, Pisa-ITA, Sevilla-ESP, Atlético de Madrid-ESP, Inter de Milão-ITA, Lazio-ITA, Atlético de Madrid novamente e, por fim, Racing, quando encerrou sua carreira, em 2006. 

Títulos como jogador

Além de grande jogador, Zidane colecionou títulos por quase todos os clubes que passou. Apenas no Cannes, onde iniciou sua carreira, o francês não saiu com uma taça.

Confira a lista das taças: Copa Intertoto da UEFA: 1995; Supercopa Europeia 1996 e 2002; Copa Intercontinental 1996; Campeonato Italiano de Futebol 1996-97 e 1997-98; Supercopa da Itália 1997; Copa Intertoto da UEFA 1999; Supercopa da Espanha 2001 e 2003; Liga dos Campeões da UEFA 2001–02; Copa Intercontinental 2002; Campeonato Espanhol 2002-03; além da Copa do Mundo de 1998 e da Eurocopa de 2000, com a Seleção Francesa.

O argentino também foi um grande campeão enquanto jogador, com 10 títulos: Campeonato Espanhol 1995-96; Copa do Rei 1995-96; Copa da UEFA 1997-98; Campeonato Italiano 1999-00; Copa da Itália 1999-00; Supercopa da UEFA 1999; Supercopa Italiana 2000; e, pela Seleção Argentina, a Copa América em 1991 e 1993, além da Copa das Confederações em 1992 e da Copa Artemio Franchi em 1993.

Trajetória como treinador

Zidane começou sua carreira fora dos gramados no próprio Real Madrid. Em 2013, o francês foi auxiliar-técnico de Carlo Ancelotti e conquistou a Copa do Rei e a Liga dos Campeões trabalhando com o italiano. Na temporada seguinte, Zidane virou treinador do Real Madrid Castilla, o time B dos espanhóis, em junho de 2014, onde teve quase dois anos de experiência antes de assumir o time principal dos merengues, substituindo Rafa Benítez.

Simeone virou treinador em 2006, pouco depois de se aposentar como jogador. Iniciou sua carreira fora das quatro linhas no Racing-ARG e ficou pouco tempo, para logo depois assumir o Estudiantes-ARG e River Plate-ARG, onde conquistou seus dois primeiros títulos como técnico. Antes de chegar ao Atlético, passou por San Lorenzo-ARG, Catania-ITA e Racing novamente. Na Espanha, no time em que foi ídolo, chegou em 2011 e se tornou incontestável, conquistando o Campeonato Espanhol, título que o time não vencia há 18 anos, e chegando duas vezes na final da Liga dos Campeões.

O argentino já acumula sete conquistas: o campeonato argentino 2006, pelo Estudiantes, e em 2008 pelo River Plate. Pelo Atlético de Madrid já são cinco: Liga Europa 2011-12; Supercopa da UEFA 2012; Copa do Rei 2012-2013; Campeonato Espanhol 2013-2014 e Supercopa da Espanha 2014. A cobiçada Liga dos Campeões, que não veio quando era jogador, pode chegar no próximo sábado, na segunda oportunidade como treinador.

Os times na Decisão

O técnico do Real Madrid tem explorado o que tem de melhor na equipe: a parte ofensiva. Bale e Cristiano Ronaldo são mais acionados e os merengues têm jogado bastante pelos lados do campo. O português, aliás, é o grande trunfo dos madrilenhos. Artilheiro disparado da Liga, com 16 gols (sete a mais que Lewandwski, o segundo), Ronaldo comandou a campanha da equipe até a final. O time sente falta de um meia de ligação, já que James Rodriguez não tem agradado e deve sair na próxima janela. Como era de se esperar, Zidane faz o time do Real Madrid jogar para frente, um estilo semelhante ao do italiano o qual foi auxiliar.

Algo que ficou claro no Real Madrid foi a mudança de postura com a chegada do ídolo como técnico, que agora volta a mostrar um grande futebol para os seus torcedores. Para chegar à decisão, os merengues de Zidane passaram fácil da Roma-ITA nas oitavas de final, vencendo as duas partidas por 2 a 0. Nas quartas, o Real tomou um susto ao ser batido por 2 a 0 pelo Wolfsburg, na Alemanha, mas garantiu a classificação no Bernabéu, ao vencer por 3 a 0 na volta. A semifinal também foi apertada para os espanhóis. Após um jogo feio contra o Manchester City-ING com o empate em 0 a 0, na Inglaterra, o Madrid conseguiu a classificação para a final com uma vitória simples na Espanha. 

Simeone conseguiu passar ao Atlético de Madrid o que fazia como jogador: raça. É assim que o time do argentino chega a mais uma final de Liga dos Campeões. Fazendo o estilo do treinador, a equipe se destaca pelo forte poder de marcação e chegou à decisão após conseguir parar dois dos ataques mais perigosos do mundo: o do Barcelona e do Bayern de Munique. Contra os catalães, nas quartas, a classificação veio após perder o primeiro jogo por 2 a 1, em Barcelona, e vencer a partida de volta por 2 a 0, quando Simeone conseguiu fazer o Atlético de Madrid anular o trio Messi, Suárez e Neymar. Na semifinal, a vaga veio com o gol fora de casa. Os espanhóis perderam a primeira partida por 2 a 1 e bateram os alemães por 1 a 0 na volta, em jogo que o time da capital espanhola não tomou gol em casa, novamente, segurando uma equipe que tinha o Lewandowski (vice-artilheiro da Liga), Muller, Robben e cia.

Na final, mais uma vez tem o desafio de parar um ataque forte e perigoso, que conta com Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo. Com uma das melhoras defesas do mundo, com Godín e Giménez, o Atlético Madrid tem um time fechado e com um contra-ataque forte, com Griezmann, que vem em grande fase, e Torres, que voltou a jogar bem. 

No primeiro encontro que Zidane e Simeone tiveram, o argentino levou a melhor. O Atlético saiu vitorioso, por 1 a 0. Sábado eles vão se encontrar novamente e o argentino vai em busca do único título que falta para ele no comando do time: a Liga dos Campeões da Europa.

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