Como Atlético-MG usa futsal para deixar time ao estilo de Jorge Sampaoli

O projeto do clube mineiro é intitulado DNA Alvinegro e foi criado pelo diretor das categorias de base do clube, Júnior Chávare

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2020 11h03
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Reprodução Sergio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG, posou ao lado de Jorge Sampaoli e anunciou a contratação do treinador

Quando a pandemia da Covid-19 for superada, os meninos da categoria de base do Atlético-MG vão poder retomar as atividades e intensificar um plano de desenvolvimento técnico feito pelo clube que é bem apropriado ao estilo do treinador do time principal, o argentino Jorge Sampaoli. Com o intuito de criar jogadores bastante técnicos, a equipe tem aplicado aos meninos treinos em posições invertidas e até atividades frequentes de futsal. Esse planejamento já estava em andamento para a base mesmo antes da chegada de Sampaoli, em março, porém ganha força agora pela presença de um dos grandes incentivadores de um futebol técnico e bem jogado. O ex-treinador da seleção da Argentina abomina lançamentos longos e jogo feio a ponto de exigir que mesmo goleiros competentes quando se trata de defender sejam trocados por colegas de posição com bom domínio da bola nos pés. No ano passado, Vanderlei perdeu vaga no Santos por esse motivo.

O projeto do Atlético-MG é intitulado DNA Alvinegro e foi criado pelo diretor das categorias de base do clube, Júnior Chávare. Do time principal, quem vai acompanhar de perto a evolução dos garotos é o auxiliar Carlos Desio. Como na Cidade do Galo, em Vespasiano (MG), todas as categorias de base e o time principal treinam no mesmo local, os meninos estarão a poucos passos de serem observados por Sampaoli. “O nosso objetivo é formar jogadores com grande qualidade técnica porque isso é decisivo para a equipe principal”, disse Chávare. “Ter o Sampaoli é um facilitador para nós porque ele gosta da nossa proposta do jogo e observa muito a equipe de transição”, comentou o diretor. O clube conta com uma categoria de base numerosa e estruturada. Antes da pandemia, cerca de 90 garotos moravam no alojamento do Atlético-MG. Agora todos estão em suas casas no aguardo do retorno.

Para se chegar ao estilo técnico de jogo, os futuros atletas precisam passar por alguns sacrifícios. O maior deles é sair da zona de conforto. Em várias ocasiões, o treinador escala os jogadores fora de posição ou com o lado invertido para poder desenvolver uma experiência nova. O armador vira volante para ter mais visão da saída do jogo, o lateral atua como zagueiro para melhorar a marcação e assim sucessivamente. “É importante o jogador ser preparado para no futuro, ter a capacidade de jogar improvisado”, disse o diretor. Outra rotina curiosa está nas quadras. Quem está nas categorias sub-11 e sub-13 concilia o campo com o futsal. “O futsal é importante para aprender o domínio, o passe e o chute com a perna trocada. O canhoto precisa aprender a chutar com a direita Procuramos treinar na quadra até quatro vezes por semana”, explicou Chávare. Só a partir do sub-15 os jogadores concluem a migração e atuam somente na grama.

O clube estabeleceu um novo formato de preparação para desenvolver os talentos. Enquanto no profissional somente os goleiros fazem treinamentos específicos para a posição com um preparador exclusivo, na base a mesma prática é aplicada para quem joga na linha. “Cada posição tem os seus fundamentos. Por isso, laterais, volantes, meias e atacantes fazem atividades separadas em parte dos treinos”, comentou. Um outro grande apoiador do projeto é o presidente do Atlético-MG, Sérgio Sette Câmara. A base do clube tem a meta de conseguir revelar por ano cinco atletas para o time principal. Para a ideia da filosofia de jogo ser mantida, a proposta é deixar de focar nos resultados nos anos iniciais das categorias e priorizar o desenvolvimento de atletas.

*Com Estadão Conteúdo

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