Coadjuvante até demais, Arthur vira ‘moeda de troca’ no Barça e se vê pressionado por evolução

Após dois anos na Europa, parece evidente que falta mais agressividade e “fome de gol” ao jovem meio-campista brasileiro

  • Por Bruno Landi
  • 24/06/2020 17h02
EFE Arthur está prestes a deixar o Barcelona para se transferir à Juventus

Esqueça aquele jogador badalado, que chegava ao Barcelona com status de melhor em campo em uma final da Libertadores e tido como possível substituto ideal para Xavi e Iniesta. Dois anos depois de ser contratado por 30 milhões de euros (R$ 120 milhões, na cotação da época), Arthur está perto de deixar o clube catalão e ser usado como “moeda de troca” para a transferência de Miralém Pjanic, antigo desejo blaugrana. O Barça sabe do desejo da Juventus pelo brasileiro e tenta convencê-lo a aceitar a saída para que, de quebra, possa contar com a chegada do meia bósnio na próxima janela. A mudança de status de Arthur no Barcelona é inegável e pode ser explicada por um fator: a falta de protagonismo.

Em 71 jogos na Europa, o ex-gremista foi titular em 49 oportunidades e tem números um tanto quanto tímidos: foram apenas quatro gols e seis assistências com a camisa do Barça. Estatísticas bem abaixo do que se espera para um meio-campista desse nível. Casemiro, por exemplo, que, no Real Madrid, exerce função bem mais defensiva que a do compatriota no Barcelona, é tão decisivo quanto Arthur na atual temporada: são quatro gols e quatro assistências para cada. A capacidade que o camisa 8 azul-grená tem de controlar a posse de bola e ditar o ritmo de jogo são inquestionáveis, é verdade, mas também parece evidente que falta mais agressividade e “fome de gol” ao jovem de 23 anos.

“O Arthur obviamente é um jogador muito bom. Senão, ele não estaria no Barcelona e não despertaria interesse na Juventus. Ele jogou bem por lá. Mas eu acho que ele tem que acrescentar algumas coisas ao jogo dele para ser, realmente, um jogador muito bom”, afirmou Bruno Prado, comentarista do Grupo Jovem Pan. “O Arthur toca muito curto, arrisca muito pouco em bola longa, em meter no meio da defesa, em dar o último passe… Ele é muito bom para o time manter a posse de bola, mas arrisca muito pouco. Eu acho que ele pode acrescentar isso ao jogo dele para que possa se tornar um dos grandes meio-campistas do mundo. Hoje, ele é um bom jogador, que roda no elenco de um time forte. Mas acho que ele poderia dar um passo à frente que ainda não deu”, acrescentou.

Mauro Beting, também comentarista da Jovem Pan, concorda. “Quando o Arthur ainda jogava no Brasil, eu dizia que ele era um cara que nasceu em Goiás, viveu um momento brilhante no Grêmio, foi merecidamente convocado para a Seleção, mas que parecia que tinha nascido em La Masia… Parecia que ele tinha nascido para jogar no Barcelona. Mas é aquele negócio que ele próprio ouvia do Maicon, ex-companheiro de Grêmio: ‘no nosso time, você tem menos passes decisivos do que eu, que tenho menos qualidade que você’. O Arthur era um jogador para estar em um nível superior, que ele não teve no Grêmio, não teve na Seleção e não teve no Barcelona, apesar de um bom início na Espanha. Ele foi definhando, até por causa de uma concorrência muito grande na posição. Fica uma pontinha de decepção”, analisou.

O narrador José Manoel de Barros é outro a dizer que, até o momento, a passagem de Arthur pelo Barcelona é frustrante. “Eu lamento que ele esteja saindo do Barcelona. Eu esperava mais do Arthur, achava que as características dele se encaixariam perfeitamente no time catalão. Ele não foi o cara que eu esperava no Barcelona. Há um peso muito grande. Todo jogador com essas características chega ao clube com o peso de ter que substituir caras icônicos como Xavi e Iniesta… Eu não sei se foi esse comparativo que atrapalhou o Arthur, mas é inegável que ele não conseguiu brilhar com a camisa do Barcelona como se imaginava”, finalizou.

Apesar de próxima, a transferência de Arthur à Juventus ainda não foi definida. Segundo informações veiculadas pela Sky Sports, da Itália, os dois clubes já chegaram um acordo para finalizar a transação em 80 milhões de euros (R$ 467 milhões). No entanto, agora, a Juve precisa convencer o brasileiro a se transferir – o jogador já manifestou vontade de permanecer na Espanha para a próxima temporada. Como quer aproveitar as conversas para incluir Pjanic na negociação, o Barcelona insiste em manter vivas as tratativas e, ao que tudo indica, não fará oposição à saída do ex-gremista.

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