Nove anos após conselho, René Simões diz que amigos e PSG prejudicam Neymar
“Poucas vezes eu vi alguém tão mal educado desportivamente como esse rapaz Neymar“. A frase foi dita em 2010, mas poderia ser de 2019. Quem criticou o craque na época foi René Simões, então técnico do Atlético-GO que quis dar conselhos para melhorar o comportamento do atacante. Nove anos depois, ele entende que os amigos e o time dele, o Paris Saint-Germain, contribuem para que continue acumulando polêmicas – como a deste domingo (28), quando agrediu um torcedor e atacou publicamente companheiros de clube.
Quando criticou Neymar em 2010, René chegou a dizer que o futebol brasileiro estava criando um “monstro”, no mau sentido da palavra. Questionado se de fato o atacante virou esse “monstro”, René é cauteloso, mas não deixa de demonstrar preocupação: “ele está precisando de ajuda em todos sentidos. Poucas vezes vimos um jogador agredir um torcedor. E depois ele ainda deu uma entrevista que não se deve dar. Foi muito genérico. São coisas do vestiário. Ele tinha que cuidar para isso não reverberar”.
Enquanto recebe críticas de torcedores, Neymar é ao mesmo tempo exaltado por pessoas próximas. Depois das más atuações na Copa do Mundo de 2018, por exemplo, ele foi chamado de “menino” por Edu Gaspar, dirigente da CBF, que ainda soltou a frase “não é fácil ser o Neymar”.
De acordo com René, esse tipo de tratamento acaba atrapalhando o capitão da Seleção Brasileira, em vez de protegê-lo: “o problema dele é que os amigos dizem aquilo que ele quer ouvir. Amigo é aquele que diz o que você precisa ouvir, mesmo colocando a amizade em risco. Se você só ouvir o que quer, vai ficar fora da realidade. E na realidade você não acerta sempre. Você não é querido sempre. O rio só existe porque tem margens. Uma criança só cresce se tem margem, se tem limites. Quando não tem limites, não sabe identificar a realidade”.
E de fato já apareceram amigos para defendê-lo sobre as novas polêmicas. Um assessor de Neymar, Alex Bernardo, publicou no Instagram um texto para justificar o que tinha feito. Ele praticamente só culpou a vítima da agressão por tudo: “jogadores de cabeça quente após perder uma final de campeonato e um idiota provocando-os. Certinho ele, né? Não li uma crítica ao comportamento desse “torcedor”. Mereceu!”. Não à toa, foi justamente nessa publicação que Neymar apareceu para se explicar. E fez apenas uma declaração curta: “tô errado? Estou. Mas ninguém tem sangue de barata!”.
Neymar já se envolvia em polêmicas quando jogava no Santos, mas elas diminuíram consideravelmente quando esteve no Barcelona. Por isso, René acredita que a ida para o PSG foi prejudicial: “Milan, Barcelona e Real Madrid são maiores do que qualquer jogador. Quando um jogador se considera maior do que um clube, quando ele acredita nisso, não vai ser melhor do mundo”.
René Simões não trabalha como técnico desde 2017. Atualmente, aos 66 anos, ele é mentor de treinadores, coach e comentarista de futebol.
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