Técnico põe cargo à disposição por interferência política na Seleção da Venezuela
O técnico da Venezuela, Rafael Dudamel, anunciou que colocou o cargo à disposição dos dirigentes por considerar que a seleção venezuelana está sendo utilizada para fins políticos. A declaração foi feita após a histórica vitória por 3 a 1 sobre a Argentina, em amistoso disputado em Madri, na Espanha, nesta sexta-feira (22).
Horas antes da disputa da partida, o elenco recebeu a visita de Antonio Ecarri, representante na Espanha do presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. Depois, Ecarri publicou nas redes sociais uma foto do encontro com os jogadores.
“Conversei com o vice-presidente [da federação] e coloquei o meu cargo à disposição dos dirigentes porque todo este tempo estamos navegando em águas muito turvas. Tudo foi politizado e sou o técnico de uma seleção do país inteiro”, comentou.
Dudamel anunciou também que comandará a equipe no amistoso da próxima segunda-feira (25), contra a seleção da Catalunha, “por respeito”.
“Recebemos a visita do embaixador, com respeito, porque somos a Seleção da Venezuela que abrange todo o país. Em Rancagua [no Chile] também recebemos o embaixador do senhor [Nicolás Maduro, ditador do país]. Mas a visita foi utilizada [politicamente], tristemente. Por respeito, na segunda comandarei a equipe no próximo amistoso, mas tenho que sentar para conversar com o presidente e o vice-presidente [da federação].”
As declarações do treinador também foram repercutidas pelo atacante Salomón Rondón, segundo o qual “é injusto que se politize a seleção”.
“Nós, jogadores, estamos com o treinador. É injusto e insignificante que se politize a seleção. Nós tentamos levar alegria ao povo da Venezuela, às comunidades venezuelanas em tantos países para que se distraiam com o que fazemos. Que as pessoas curtam esta vitória merecida”, analisou o jogador.
O placar da vitória desta sexta-feira foi histórico porque a Venezuela nunca havia marcado três gols na Argentina em uma mesma partida. Na opinião de Dudamel, o triunfo não foi “uma casualidade”, e sim a consequência de todo um processo iniciado em abril de 2016.
“Ganhar da Argentina com o melhor jogador do mundo em campo (Lionel Messi) por 3 a 1 não é casualidade. Se for, não é todos os dias. Mas não acredito nas casualidades nem na sorte, apenas no trabalho e na convicção dos meus jogadores. Ganhar da Argentina de forma tão contundente foi resultado do trabalho”, frisou.
O amistoso marcou o retorno de Lionel Messi à seleção Argentina depois de oito meses. O atacante não era convocado desde a Copa do Mundo de 2018, mas a participação do craque foi ofuscada por uma Venezuela dominante em campo. Para Rondón, o jogo coletivo venezuelano foi o segredo da vitória.
“Nós não pensamos em individualidade, mas em coletivo, e isso funcionou hoje. Fomos contundentes e resistimos ao rival. Trabalhamos pensando na Copa América”, disse o atacante, autor do primeiro gol da partida.
*Com informações da EFE
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