São Paulo completa 100 dias sem jogos; confira resumo da pausa
Há 100 dias o São Paulo vencia o Santos de virada no Morumbi por 2 a 1. Pablo marcou duas vezes e encerrou o jejum de gols em um Morumbi sem público, já com restrições por causa da crise do coronavírus. Desde então, o que aconteceu no tricolor?
FUTEBOL
Logo na tarde do dia 16 de março, dois dias após a vitória do São Paulo contra o rival Santos e um dia antes da primeira morte confirmada no Brasil por COVID-19, a diretoria tricolor resolveu paralisar as atividades do futebol profissional masculino e feminino, como medida preventiva. Os treinamentos físicos, assim como nos outros clubes, passaram a ser de casa, com monitoramento à distância dos profissionais do staff médico do São Paulo.
Uma peça que ganhou mais atenção, inclusive durante a pandemia, foi Fernando Diniz. Desacreditado no começo do trabalho, o treinador tricolor recebeu grandes elogios e seu estilo de jogo começou a ser melhor entendido por muitos durante a pausa. Cresceu, assim, entre os torcedores nas redes sociais, o apoio ao “Dinizismo”. Os adeptos defendem o estilo do técnico do time, um futebol ofensivo e que exige, ao menos na teoria, 100% do atleta durante a partida.
Mesmo com a pausa e o momento financeiro delicado, jogadores foram especulados como possíveis reforços do tricolor. Um deles foi Cavani, centroavante uruguaio de 33 anos foi tratado como uma possível contratação por muitos. Lugano, um dos membros da diretoria tricolor, foi quem levantou a possibilidade. Campeões em 2011 da Copa América com o Uruguai, Lugano e Cavani têm boas relações. No entanto, a contratação do atacante está fora de cogitação, principalmente pela parte financeira. Cavani tem acerto com o Atlético de Madrid.
Alguns jogadores que estavam fora dos planos para a reta final do Paulistão, ganharam um respiro e chance. É o caso dos estrangeiros Rojas e Carneiro. O primeiro sofre com lesões desde 2018, quando acabou machucado na partida contra o Vitória, pelo Campeonato Brasileiro. Já Carneiro, suspenso por doping em abril de 2019, cumpriu um ano de gancho e foi liberado após se submeter a tratamento para o uso de substâncias ilícitas, segundo o entendimento do Tribunal de Justiça Desportiva Antidoping (TJD-AD). Os dois fazem parte dos planos de Diniz para o retorno do tricolor aos gramados.
FINANÇAS
Logo de cara, na partida sem público contra o Santos, o tricolor teve um prejuízo de 47 mil reais com despesas gerais. Mas a falta de renda gerada pelos jogos não é a única preocupação. A diretoria aproveitou o momento para renovar com alguns jogadores, principalmente da base. Os goleiros Lucas Perri e Junior e o atacante Danilo Gomes estenderam seus vínculos com o tricolor.
O São Paulo apresentou proposta de redução salarial aos atletas em até 50%, mas a maior parte dos jogadores fez resistência ao ato. Como o time tinha salários antigos pendentes, a maioria queria o acerto anterior para então negociar a redução. Assim, o time resolveu dar férias coletivas antecipadas, para justificar a folha salarial. Posteriormente, o time ampliou as férias até maio.
Na sequência, o tricolor acertou o pagamento de dois meses de direitos de imagem que estavam atrasados e tentou deixar as contas mais no azul, mesmo com déficit de mais de 100 milhões de reais desde 2019.
E não foram só os jogadores que receberam cortes. Funcionários do dia a dia do clube receberam, num primeiro momento, 25% de corte salarial e depois, a redução foi ampliada para 50%. Esta, segundo o clube, é uma medida para evitar demissões no tempo de crise devido à pandemia.
A crise fez com que o tricolor chegasse a adiar a renovação de contrato com o patrocinador máster, Banco Inter, vínculo que existe desde 2017. O contrato, que vencia em abril, foi então renovado até o final do ano, com possibilidade de continuidade para a próxima temporada. A relação entre São Paulo e Banco Inter é bem forte e o patrocinador caiu nas graças do torcedor ao fazer ações de marketing com a marca do clube em cartões e nos jogos.
Já era conhecido que as finanças do São Paulo não eram das melhores. Mesmo assim, a diretoria do clube entendeu que um dos destaques do time merecia uma valorização salarial. Foi o caso de Igor Gomes, observado por times do exterior, incluindo o Real Madrid, virou uma espécie de maestro no meio campo tricolor e acabou tendo um aumento. O vínculo do atleta com o clube vai até o final de março de 2023.
POLÍTICA DO CLUBE
Não foi só a parte desportiva que sofreu mudanças. Nos bastidores, houve a saída de conselheiros, que deixaram os cargos após troca no estatuto. Alguns conselheiros que participavam diretamente da gestão atual em cargos diretivos teriam de escolher deixar o conselho e permanecer na gestão de forma remunerada, ou deixar a gestão para poder concorrer ao conselho, agora sem remuneração por isso.
O ano de 2020 é o último na gestão do atual presidente Carlos Augusto de Barros e Silva – o Leco – então o São Paulo passará por eleições. Durante esses 100 dias, Júlio Casares apareceu como um dos candidatos à presidência do São Paulo. Antigo apoiador de Leco, Casares faz a proposta de um grupo de união, e é visto por fontes dentro do conselho como principal candidato e provável vencedor da eleição marcada para o final do ano.
Para oposição, três nomes são cotados para a disputa com Casares. Marco Aurélio Cunha – nome antigo e conhecido no tricolor -, Roberto Natel, atual vice-presidente que teve um racha com Leco e Sylvio de Barros, figura com menos destaque nos bastidores do time e mais “desconhecida” pelos torcedores.
RETOMADA
No que se refere à instituição, o clube aproveitou para fortalecer a área do marketing digital, ampliou as publicações nas redes, e se aproximou ainda mais do torcedor. Fez ações sociais de doações para contenção da crise em comunidades carentes e disponibilizou as dependências do clube para se necessário, a utilização do governo para a formação de centros de combate ao coronavírus, atitudes muito elogiadas quando foram anunciadas pelo São Paulo.
Hoje, o time já planeja o retorno dos treinamentos físicos e de condicionamento. Em breve, poderemos ter o retorno do futebol, mesmo que, no momento, haja alta de casos e mortes no Brasil. O São Paulo tenta proteger os atletas e dar as melhores condições para que esse retorno seja seguro.
São 100 dias sem jogos, sem vitórias ou derrotas. Sem a análise de desempenho de quem foi bem ou não dentro de campo. Mas são 100 dias de muita turbulência nos bastidores e na política do tricolor.
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