Times brasileiros aumentam investimentos em jogadores estrangeiros
Em 2002, apenas cinco estrangeiros disputaram o Campeonato Brasileiro. Em 2019, a aposta em “gringos” aumentou exponencialmente. Apenas entre as 12 principais equipes do Brasil, existem 47 estrangeiros. Financeiramente mais fortes do que os de outros países da América do Sul, os clubes nacionais apostam com mais vigor em reforços garimpados na América do Sul.
Os principais alvo são os colombianos, que têm 11 atletas no mercado nacional, seguidos pelos argentinos, com 10. A lista ainda tem uruguaios (9), paraguaios (6) equatorianos (4) venezuelanos (2), chilenos (2), peruanos (2) e por enquanto um costarriquenho (Bryan Ruiz está de saída do Santos).
Neste começo de ano, o Internacional desponta como a equipe com mais jogadores de fora do Brasil, totalizando sete atletas. O Santos está logo atrás, com seis. No Paulistão, se todos os estrangeiros de Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos forem inscritos, 17 estarão aptos a disputar o torneio.
“A gente consegue ser muito maior que os outros mercados da América do Sul. Em termos de futebol, nosso concorrente seria a Argentina, mas somos muito maiores que eles hoje em termos financeiros. Temos domínio deste mercado”, explica o professor Fernando Fleury, PhD em gestão e sócio diretor da Armatore Market + Science, empresa especializada em monitoramento de mercado e análise comportamental do consumidor.
Se a questão financeira é vantajosa em relação aos nossos vizinhos, a concorrência é injusta com os grandes mercados internacionais, como China e Europa. “Os times brasileiros precisam fazer caixa e o mercado internacional paga valores que para nós são muito altos. Então, temos vendido jogadores jovens e que poderiam ser talentosos para o mercado interno”, diz Fleury. Para ele, isso explica um pouco da saturação de talentos no Brasil e a aposta em mercados “mais baratos”.
No entanto, as equipes precisam dar tempo para adaptação desses reforços, como já explicou o técnico Renato Gaúcho, do Grêmio. “O jogador que vem de fora e ainda não trabalhou no Brasil precisa de um tempo de adaptação maior para entender a forma de jogar do time, as características dos companheiros, a forma que o treinador gosta de trabalhar e o idioma. Isso dificulta um pouco mais.”
Foi isso o que disse o argentino Walter Montoya em sua chegada à equipe gaúcha: “É grande o futebol disputado aqui no Brasil, não é fácil, muito dinâmico, mas vou trabalhar para me adaptar rapidamente à equipe, ao futebol e a tudo aquilo que a comissão técnica me pedir”.
Novas arenas e centros de treinamento de primeira linha também aparecem como diferenciais para os clubes brasileiros na hora das negociações. “Espetacular Tem de tudo, me surpreende cada vez que vou conhecendo mais as coisas e descobrindo a infraestrutura que tem o clube”, comentou o atacante argentino Mauro Boselli após conhecer o CT Joaquim Grava, do Corinthians.
Outro fator que pesa a favor do Brasil é o prestígio internacional das equipes, como demonstrou o venezuelano Yeferson Soteldo ao ser apresentado pelo Santos. “O Santos é um dos maiores clubes do mundo. Foi onde Pelé, o maior jogador da história do futebol, jogou. Também teve o Neymar, que é muito bom. É um sonho jogar neste clube.”
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