Com quebra de tradição, cerimônia de abertura das Olimpíadas acontece nesta sexta e promete ser histórica
Essa será a primeira vez na história que o evento não vai acontecer em um estádio e, sim, ao ar livre; Rio Sena foi o lugar escolhido para ser o palco do evento
Ambiciosa, inovadora e histórica são essas palavras que devem marcar a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, marcada para esta sexta-feira (26). Essa será a primeira vez na história que o evento não vai acontecer em um estádio e, sim, ao ar livre. O Rio Sena foi o lugar escolhido para ser o palco do evento que marca o início oficial das Olimpíadas de Paris, apesar de alguns jogos já estarem acontecendo desde quarta-feira (24). Mesmo que o uso do Sena para realizar esse evento só esteja acontecendo agora, em 2024, a ideia de utilizar o espaço como teatro de espetáculo nasceu em 1998, na Copa do Mundo. Marcada para às 19h30 (14h30, horário de Brasília) a abertura promete inovar, começando pela quebra da tradição de ser realizada fora de um estádio. Diferente do que estamos acostumados, ao invés dos atletas marcharem ao longo de uma pista de atletismo, os convidados e espectadores serão presenteados com um colorido desfile fluvial no coração da capital francesa.
Cerca de 10.500 atletas são esperados para a cerimônia. Ao todo, 100 barcos vão desfilar por seis quilômetros e o trajeto irá percorrer pontos tradicionais da cidade, como a catedral de Notre-Dame, o Hotel de Ville (sede da prefeitura) e o Grand Palais. Porém, fazer com que esse objetivo desse certo e fosse concretizado, exigiu um grande desafio, porque gerou uma logística à altura do que havia sido proposto: fechar o rio para navegação por vários dias e um esquema excepcional nos transportes, além de fazer com que fosse necessário comportar centenas de milhares de pessoas espalhadas por seis quilômetros ao longo do Sena, passando pelo centro de Paris, em um contexto de alerta terrorista.
Serão 205 delegações e 85 barcos desfilando durante duas horas e meia. Dez embarcações estão reservadas como reforço para o caso de alguma avaria, enquanto outras 15 vão trabalhar na organização do desfile, que deverá ser sincronizado com o ritmo do “show” que vai acontecer nas margens do rio, nas pontes e nos telhados de Paris. Um dos principais pontos de desafios foi a questão da segurança. Por isso, diferentes dispositivos foram acionados no trabalho prévio das forças de segurança, incluindo cães detectores de explosivos e mergulhadores especializados na desativação. No total, espera-se que 45 mil agentes, drones de vigilância e 10 mil militares fiquem atentos a qualquer perigo durante a cerimônia de abertura.
Os barcos também foram inspecionados para evitar qualquer problema de segurança ou falha técnica. Os espectadores com ingressos poderão ficar nas 124 arquibancadas instaladas nas margens do Sena ou nas pontes. Foram disponibilizados 222 mil ingressos gratuitos, mas a organização incluiu 104 mil ingressos para venda. Telões e alto-falantes ficarão posicionados estrategicamente em pontos da cidade para que moradores e turistas possam acompanhar a cerimônia. Isaquias Queiroz, da canoagem, e Raquel Kochhann, do rúgbi, serão os porta-bandeiras do Brasil nas Olimpíadas. Espera-se que mais 1,5 bilhões de pessoas de todo o mundo sintonizem as transmissões televisivas da Cerimônia de Abertura.
Como nasceu a ideia de fazer a abertura no Sena?
A ideia maluca de organizar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no rio Sena surgiu em uma noite de outubro de 2016, logos após as Olimpíadas do Rio quando por ocasião da Noite Branca parisiense, o festival cultural noturno organizado todos os anos na capital, a prefeita, Anne Hidalgo, e o presidente do COI, Thomas Bach, observaram os barcos com as cores olímpicas navegarem pelo rio parisiense, em frente à Notre-Dame. Em 2018, outro acontecimento serviu para convencer Bach a dar esse passo e descartar o estádio: a cerimônia dos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires. As imagens de felicidade da população argentina emocionaram o alemão, que dois meses depois mostrou a sua convicção perante os comitês nacionais.
Diante dessas inovações que brilharam os olhos, o Champs-Élysées foi proposto, mas Thierry Reboul, diretor de cerimônias da comissão organizadora, não achou original. Foi então que o Sena, que já tinha sido cotado anteriormente, na Copa do Mundo de 1998, foi selecionado. O COJO [Comitê Organizador dos Jogos] trabalha no projeto desde 2019 e foi necessário o envolvimento do poder público. O presidente francês, Emmanuel Macron, oficializou o projeto nos Jogos de Tóquio, há três anos. Começou, então, uma corrida contra o tempo para alcançar algo nunca visto antes, que culminará nesta sexta-feira.
*Com informações da AFP
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