Rebeca Andrade é o fenômeno da ginástica brasileira que encantou o mundo e superou Simone Biles
Jovem de 25 conquistou quatro medalhas nas Olimpíadas nos Jogos de Paris e se tornou a maior medalhista olímpica do Brasil
Rebeca Andrade, esse nome está marcado na história, não só da ginástica brasileira, mas como no esporte mundial. A ginasta que conseguiu bater de frente com Simone Biles e derrota-lá no solo, uma das suas maiores especialidades da norte-americana, que é considerada a melhor ginasta da atualidade. A vitória rendeu a brasileira sua sexta medalha olímpica e o posto de maior medalhista de Olimpíadas do Brasil. Não foi só esse recorde que ela quebrou nesta segunda-feira (5), também superou Isaquias Queiroz, ao triunfar quatro vezes em uma mesma edição de Jogos Olímpicos. “Vou falar para vocês, Rebeca é boa. Ela é boa. Eu diria que ela é a minha maior competidora. Nós somos parecidas em termos de pontuação geral. Eu não tive uma competição como essa há um tempo. Estou realmente animada em competir com ela”, disse Simone Biles, sobre sua adversária antes de uma das finais das Olimpíadas de Paris. Mas não foi só a atleta que rasgou elogios para a ginasta. “Eu celebro você, Brasil!!! REBECA!!!!! Você é uma luz!!!! This is the most beautiful photos of sportsmanship, respect, and love!”, escrever a atriz Viola Davis em uma publicação em seu Instagram dedicada a Rebeca.
Biles explicou o porquê da reverência à Rebeca e ressaltou um ponto importante: “Primeiro que foi um pódio todo com mulheres pretas, então foi superemocionante para nós”, afirmou Biles. “Então Jordan estava tipo: ‘deveríamos nos curvar a ela?’ Então nós pensamos: ‘vamos fazer isso agora?’ E foi por isso que fizemos”. A superestrela americana da ginástica chamou a brasileira de “rainha”. Jordan Chiles, que ficou com o bronze, afirmou que Rebeca é “lenda” e “ícone”. “Ela é incrível. É uma emoção assisti-la, com uma multidão de fãs sempre torcendo por ela. Devemos reconhecer o trabalho dela. Ficamos muito felizes por esse pódio ter sido formado por mulheres pretas. Foi simplesmente a coisa certa a se fazer”, declarou Chiles. Ao subir ao pódio desta segunda, com o ouro no peito, Rebeca foi saudada pelas adversárias que se ajoelharam para reverenciá-la. A imagem repercutiu como uma das mais bonitas das Olimpíadas.
“Andrade surpreende Biles para o ouro no solo em dia de drama”, “Rebeca Andrade vence o ouro depois de superar três lesões de ligamento cruzado anterior (LCA)”, “Golpe duplo para Simone Biles e um gesto a altura da grandeza dela”, “Andrade é ouro no sol, Biles fica em 2”, essas manchetes foram alguns dos destaques que a imprensa internacional deu para a vitória da ginasta brasileira de 25 anos. A admiração não veio só dos gringos, aqui no Brasil ela também foi aplaudida e reverenciada. “Parabéns para nossa maior medalhista olímpica da história”, escreveu o presidente Lula. “É ouro! Nosso orgulho, Rebeca Andrade, é ouro em Paris no solo da Ginástica Artística”, disse vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. “Muito orgulho de ver o Brasil, o esporte e o funk representados no primeiro lugar do pódio das Olimpíadas de Paris”, disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
Robert Scheidt, até então o maior medalhista olímpico do Brasil, fez uma publicação em homenagem à Rebeca. “Estou muito feliz pelo teu feito histórico de hoje, uma vitória maravilhosa no solo, coroando sua participação olímpica aqui. Com isso você é a maior atleta olímpica brasileira, quebrando o recorde de tantos anos do Torben e meu”, disse Scheidt. “Eu sinto muito orgulho de você e eu acho que o Brasil todo sente muito orgulho. Você vai inspirar muitas crianças a praticarem o teu esporte, a praticar esporte em geral, a sonharem a ser grandes atletas”, acrescentou em um vídeo no instagram. Rebeca conquistou quatro medalhas em Paris 2024: o ouro no solo, as pratas no salto e no individual geral, e o bronze por equipes. Em Tóquio 2020, a ginasta foi ouro no salto e prata no individual geral. Antes das Olimpíadas de Paris, ela já era a ginasta mais condecorada do Brasil na história. Além das quatro medalhas olímpicas, tem nove pódios em Mundiais, três ouros, quatro pratas e dois bronzes.
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Quem é Rebeca Andrade?
Paulista de 25 anos, Rebeca é seguida por mais de 4,3 milhões de pessoas no Instagram e inspiração para uma nova geração de ginastas brasileiras. Nasceu em Guarulhos, periferia de São Paulo, em uma casa humilde mantida sozinha pela mãe, Rosa Santos, empregada doméstica e mãe de oito filhos. Foi por meio de um projeto social em sua cidade a que aos quatro anos chegou na ginástica, onde chamou a atenção rapidamente. “Ela não tinha paciência para ficar parada. Não dava para colocar música porque ela logo começava a dançar e imitava uma coreografia feita pelas meninas mais velhas”, lembra sua primeira treinadora, Mônica Barroso dos Anjos. Sua participação nos treinos chegou a ficar em risco por falta de dinheiro para o transporte. Mas vendo a sua capacidade, seus irmãos mais velhos se ofereceram para acompanhá-la numa caminhada de duas horas.
Não demorou muito para que ela fosse apelidada de “Daianinha de Guarulhos”, em referência a Daiane dos Santos, primeira ginasta brasileira a ser campeã mundial (2003) e sua grande inspiração. Ainda criança, foi treinar por uma temporada em Curitiba, antes de se transferir para o Flamengo, onde está até hoje. Sua promissora carreira quase foi interrompida em diversas ocasiões devido a complicadas lesões no joelho que a obrigaram a se submeter a três cirurgias entre 2015 e 2019. Mas na parte mais difícil de um processo cheio de incertezas, Simone Biles, então já rainha da ginástica, lhe disse durante os Mundiais de 2018 para não desistir, porque ela tinha talento.
“Eu estava sentada, ela estava passando e, do nada, se sentou do meu lado e me falou isso. Fiquei super feliz e disse para mim mesma: ‘Meu Deus, a melhor pessoa do mundo pediu para que eu não desista. Agora tenho certeza de que não vou desistir'”, contou ela à TV Globo. Após a primeira cirurgia, Rebeca conseguiu chegar à Rio-2016, onde terminou em décimo primeiro lugar na classificação geral. A sorte esteve do seu lado para Tóquio, já que o adiamento devido à pandemia aumentou a sua margem para se recuperar de uma nova cirurgia e se consagrar no Japão. Agora mais madura, ela voltou a encantar, desta vez em Paris, onde se firmou ainda mais na história do esporte.
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*Com informações da AFP
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