Família ‘empurra’ Isaquias Queiroz para mais medalhas na canoagem em Tóquio-2020

  • Por Jovem Pan
  • 31/10/2019 12h45
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Facebook/Reprodução Facebook/Reprodução Isaquias Queiroz fez história no Rio de Janeiro

A família tem sido o combustível para a extenuante rotina de Isaquias Queiroz rumo ao pódio em Tóquio-2020. O brasileiro da canoagem velocidade, que conquistou três medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, está se preparando para a edição de 2020, no Japão, e decidiu levar sua mulher, Laina, e o filho Sebastian para ficar mais perto dele. Eles estão em Lagoa Santa (MG), perto do Centro de Treinamento da equipe de canoagem do Brasil.

“Eu saio cansado dos treinos, mas chego em casa e ganho o carinho da esposa. Isso me dá a sensação de ser muito amado”, diz Isaquias, que está junto com Laina desde 2017. “Ela sabe meu cronograma e encaixa os horários do Sebastian também para que nós tenhamos descanso no mesmo tempo. Ela me ajuda na minha rotina”, continua o atleta baiano.

Aos 25 anos, Isaquias é um dos principais nomes brasileiros do esporte na atualidade. Se em 2016 ficou faltando o ouro (ele ganhou duas medalhas de prata e uma de bronze), o treinamento tem sido feito para subir ao lugar mais alto do pódio. Neste ano, ele foi campeão mundial na prova de C1 1.000m e bronze no C2 na mesma distância, ao lado do amigo Erlon Souza.

Por competir em diversas partes do mundo, o fuso horário nem sempre facilita para que sua família acompanhe tudo, mas Laina faz um esforço de madrugada para prestigiar o marido. “Eu sei que ela está em casa assistindo muitas vezes de madrugada e vejo isso como uma forma de reconhecimento”, comenta Isaquias.

Laina, por sua vez, faz questão de prestigiar. “Muitas provas tinham fuso de até cinco horas de diferença, então acordava às 3h da manhã. Eu dormia umas quatro horas por dia”, conta. O contato pelo celular também é frequente. “Ele acorda, fala comigo, vai para o café, fala comigo, e antes da prova fala novamente. Eu gosto de me fazer presente também e saber como ele está naquele momento, se está nervoso, se está tranquilo… Gosto de estar por dentro de tudo já que nem sempre posso me fazer presente”, continua.

Além das conversas e apoio, Laina ajuda a cuidar de Isaquias nos mínimos detalhes. Principalmente em relação a uma modalidade que castiga muito o corpo. “Eu pego no pé dele em relação aos cuidados. Muitas vezes, por exemplo, ele se expõe demais ao sol, então sempre falo para ele passar protetor”, explica.

Todo esse carinho especial da esposa é recompensado com as vitórias. Isaquias já se tornou famoso ao fazer a letra “L” com os dedos ao final das provas, em homenagem a Laina. “É gratificante. Fico muito feliz por ele lembrar de mim, às vezes até choro porque é muito bom você ter o retorno de algo que você faz por amor, por sua própria iniciativa. Ter aquele retorno me deixa ainda mais realizada.”

Do seu jeito extrovertido, Isaquias até lembra da vez que tomou uma “bronca” da esposa em sua comemoração ao final de uma prova internacional. “Uma vez fiz um ‘L’ de cara fechada e ela ficou meio triste, ela disse que eu tenho que fazer o ‘L’ com sorriso no rosto”, relembra, rindo.

FORÇA DA MÃE – Dona Dilma vive em Ubaitaba, no sul da Bahia, e sempre reza pela saúde do filho. Toda vez que tem uma brecha, Isaquias vai ver sua mãe e os irmãos. No cardápio está o prato preferido do rapaz: o feijão bem temperado que só ela sabe fazer “O melhor suplemento é a comida”, diz Isaquias.

Essa união familiar carrega Isaquias rumo a Tóquio. Quando tem um espaço na apertada agenda de treinamentos ele visita a irmã, Mara, em São Paulo. “Eu pego o primeiro avião no fim de semana e vou pra casa dela”, conta o canoísta, que se delicia com o bife ao molho com arroz e feijão, preparados pela mãe.

Ele também tem um carinho especial por Berg, o irmão mais velho que ajudou na criação dele e de Isaac e Lucas, mais novos. “Fico muito feliz, é uma satisfação enorme ver que ele está representando o país e nossa família. Isso nos dá muito orgulho”, conta Berg, que ajudava a “bancar” Isaquias nas competições com o que sobrava de seu salário na padaria em que trabalhava.

Dos irmãos, Isaac foi o primeiro a entrar para a canoagem, mas teve de abandoná-la para ajudar na renda da família. Mas foi ele quem apresentou Isaquias para a modalidade. Agora, é o caçula Lucas que tenta fazer sucesso no esporte e recebe um grande incentivo do campeão mundial. Mal sabe ele que, na realidade, ele e seus irmão são os pilares do atleta. “Acredito que saber encaixar a família com o trabalho realmente funciona”, diz Isaquias.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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