Fórmula 1: Como pandemia mexe com trabalho dos engenheiros das equipes

Dezenas de funcionários das equipes precisam se submeter a procedimentos de segurança pelo novo coronavírus, incluindo dias sem sair do autódromo, várias reuniões por videoconferência e bem menos gente nos boxes

  • Por Jovem Pan
  • 30/07/2020 09h09 - Atualizado em 30/07/2020 09h11
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EFE A Ferrari teve um péssimo início de temporada na Fórmula 1

A Fórmula 1 terá neste final de semana a quarta etapa do Mundial deste ano e quem estiver em Silverstone para o GP da Grã-Bretanha vai precisar encarar novamente a realidade estranha desta nova temporada. Assim como os pilotos tiveram a rotina modificada, dezenas de funcionários das equipes precisam se submeter a procedimentos de segurança pelo novo coronavírus. Isso pode incluir dias sem sair do autódromo, várias reuniões por videoconferência e bem menos gente nos boxes. A zimbabuana Stephanie Travers, que foi a primeira africana e negra a subir ao pódio na categoria, e o malaio En De Liow servem a Mercedes são engenheiros de combustível da Petronas. A empresa atua como fornecedora da equipe alemã. A cada final de semana os dois e mais outros colegas desembarcam na pistas e ficam praticamente fechados nos autódromos até o encerramento dos trabalhos no domingo.

A Fórmula 1 limitou neste ano a 80 pessoas o número de funcionários permitidos por equipe em cada corrida. Normalmente, a quantidade chega a quase 200. No entanto, essa diferença numérica precisa ser compensada de alguma forma. E as reuniões por videoconferência servem para discutir os dados com quem não está presente no GP. “Temos trabalhado muito com a tecnologia. É uma evolução da nossa forma de trabalho. Nós temos incentivado muito que os funcionários trabalhem de casa, até pela produtividade. Quem trabalha no GP não é só quem fica nos autódromos”, explicou En De Liow ao Estadão.

O malaio tem como atribuição durante as sessões acompanhar os números e o rendimento do carro do finlandês Valtteri Bottas para conferir informações sobre possíveis degradações dos componentes da gasolina. Mas o engenheiro costuma chegar ao autódromo três dias antes do início dos treinos. Cabe à equipe de combustíveis montar um laboratório móvel para analisar a substância de acordo com critérios técnicos de pureza e de rendimento. Todo o trabalho é feito cercado de segurança. “Telas de divisão de espaço, máscaras e higienização de mãos são muito importantes em todo momento. No fim do dia, o desafio é se manter tão saudável como estávamos no começo da jornada”, explicou o engenheiro. “Temos usado máscaras o tempo todo e cuidado com o isolamento social. Isso mudou um pouco a nossa rotina na Fórmula 1”, comentou a colega dele, Stephanie Travers.

Todos os membros de equipes têm sido testados e monitorados para diminuir o risco de contágio. Durante as provas, alguns chegam até a dormir no autódromo em motorhomes das equipes para não se expor à contaminação em hotéis ou em deslocamentos. Outra dificuldade do calendário apertado tem sido conseguir descansar, já que raramente há uma semana de intervalo entre uma prova e outra. “A nossa cabeça nunca consegue parar de pensar em Fórmula 1, mesmo quando não tem corrida na semana. Sempre fico pensando no que se pode fazer de melhor. Não dá para se desligar totalmente. Mas ao mesmo tempo você desfruta do trabalho, mesmo que tenha sido um dia estressante”, revelou Liow, que conversou com o Estadão em entrevista por videoconferência.

Até mesmo quando trata de relaxar, quem trabalha na Fórmula 1 atual não fica longe do autódromo. Como a jornada costuma se alongar e é preciso evitar reuniões fora do ambiente seguro e isolado da categoria, o jeito é procurar espairecer com outras atividades. “A gente tenta não se cansar tanto. Quando tem a possibilidade, a nossa equipe sai correr pela pista à noite para fazer algum exercício”, contou o malaio.

*Com Estadão Conteúdo

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