“Neymar do beisebol” oficializa contrato de R$ 4,6 milhões com equipe da MLB
Após muita expectativa, Eric Pardinho finalmente é do Toronto Blue Jays. Nesta quinta-feira (6), em evento em um hotel da zona sul de São Paulo, a maior promessa do beisebol brasileiro oficializou o seu contrato de seis anos com a franquia canadense da MLB (Major League Baseball), pelo qual receberá luva de US$ 1,4 milhão (R$ 4,6 milhões).
“Queria agradecer ao Toronto pela oportunidade, por acreditarem em mim. Eu estou emocionado, mas acredito que vai dar tudo certo”, disse o garoto, com seu jeito tímido, em uma entrevista coletiva. Ao lado dele no evento estavam seus pais, Rosa e Evandro; seu agente, Rafael Nieves; Andrew Tinnish, gerente geral assistente do Toronto Blue Jays; e Mitsuyoshi “Sensei” Sato, seu treinador de arremessos na Academia MLB, de Ibiúna, São Paulo.
Além disso, o presidente Jorge Otsuka e outros membros da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) e amigos e familiares de Eric Pardinho também compareceram ao evento.
O valor pago ao garoto de 16 anos é o maior já pago a um jovem brasileiro na história. O número anterior era de US$ 880 mil (R$ 2,9 milhões, na cotação atual), recebidos pelo lançador Luiz Gohara do Seattle Mariners, em 2012.
O garoto natural de Bastos, no interior de São Paulo, chamou a atenção dos olheiros norte-americanos em setembro de 2016, em Nova York, durante a etapa qualificatória do Clássico Mundial de Beisebol, a Copa do Mundo da modalidade. Na vitória por 10 a 0 sobre o Paquistão, Eric Pardinho, à época com 15 anos, arremessou a bolinha perto das 95 mph (152 km/h), velocidade nem sempre alcançada por arremessadores profissionais da própria MLB.
Desde aquele dia, cerca de 20 das 30 franquias que disputam a Major League Baseball sondaram o menino. Prova do sucesso aconteceu em maio, quando um levantamento da MLB colocou o brasileiro como o quinto melhor jovem estrangeiro. Contando apenas atletas da sua posição, ele era o primeiro da lista.
Segundo o pai Evandro, que tocou as negociações junto com Rafael Nieves, são somente o aspecto financeiro foi levado em consideração na decisão do destino do filho. “Recebemos diferentes ofertas de dinheiro e de trabalho, mas Toronto apresentou o melhor projeto. Nós descobrimos que eles estavam acompanhando o Eric desde que ele tinha 14 anos. Nós não sabíamos disso, mas eles já tinham vários relatórios dele. Na reunião, mostraram muito interesse”, explicou.
As categorias de base da MLB, chamada de Grandes Ligas, são estruturadas na Minor League Baseball (MiLB), também conhecida como Ligas Menores. Este sistema é dividido em seis classes básicas sendo Rookie, Rookie Advanced, Class-A, Class-A Advanced, Double-A e Triple-A. As 30 franquias da MLB possuem pelo menos um time afiliado em cada um dos níveis da MiLB.
Na próxima semana, Eric Pardinho viajará à República Dominicana, onde começará a treinar com o time do Toronto Blue Jays na Liga Dominicana de Verão, do nível Rookie. No entanto, ele só deverá começar a jogar no próximo ano. Não há a certeza de que ele iniciará nesta classe ou em outro superior, já nos Estados Unidos.
Evolução até a MLB
Andrew Tinnish preferiu não estimar quanto tempo Eric Pardinho demorará até subir à elite, o que, em média, pode levar de cinco a sete anos. “Não acho que é justo colocar uma expectativa em jogadores, principalmente os mais novos. Eles irão determinar isso eles mesmos. Mas uma coisa que posso dizer é que, pela minha experiência com garotos de 15, 16 anos, com certeza ele é um dos mais avançados que já vi”, declarou.
Nesta primeira temporada, o brasileiro deverá receber somente uma ajuda de custo do Toronto Blue Jays, algo em torno de US$ 1,100 (R$ 3,625) por mês. “Ele realmente vai ter um salário astronômico só quando chegar nas Grandes Ligas”, contou Andrew Tinnish.
Desde o último domingo foi aberta a janela de transferências da MLB de jogadores estrangeiros que completam 16 anos em 2017. Eric Pardinho é o terceiro brasileiro a assinar com uma franquia da liga. Logo no primeiro dia, o arremessador Heitor Tokar e o jogador de campo interno Victor Coutinho assinaram por sete anos com o Houston Astros. Nesta sexta-feira, o também lançador Vitor Watanabe irá oficializar seu vínculo com o Milwaukee Brewers.
A expectativa dos representantes da liga no Brasil era de que até seis jogadores do País fossem negociados nesta janela. Até agora, todos os negociados são integrantes da Academia MLB Brasil, no CT Yakult, em Ibiúna, no interior de São Paulo. O projeto foi iniciado pela CBBS em 2000 e, desde janeiro, conta com apoio da liga norte-americana.
Ao todo, o Brasil conta com 12 jogadores no sistema de ligas de beisebol dos Estados Unidos. Atualmente, apenas Yan Gomes, receptor do Cleveland Indians, está na divisão de elite, com outros 11 nas Ligas Menores, entre eles André Rienzo e Paulo Orlando, que já estiveram na MLB. Este último, inclusive, se tornou o primeiro nascido no País a ser campeão da World Series, como é chamada a grande final da liga, em 2015, com o Kansas City Royals.
“Neymar do Beisebol”
Prestes a completar 71 anos, Mitsuyoshi “Sensei” Sato foi o técnico de arremessos de Eric Pardinho em Ibiúna. Segundo ele, “assim como o Neymar nasceu para chutar bola, ele (Pardinho) nasceu para jogar bola”. “Daqui para frente, só depende dele. Nós já fizemos nosso trabalho”.
Treinador há 43 anos, sendo 35 com a seleção brasileira, Sensei é o grande mentor do menino, que o trata com respeito e admiração. Em troca, responde com conselhos que não servirão somente para as ações dentro do campo. “Sempre falei: talento é limitado, mas esforço próprio é ilimitado. Esse é o mais importante”, profetizou o senhor que trabalha há 43 anos como técnico, 35 deles como integrante da Seleção Brasileira.
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