Top-3 do surfe no mundo, João Chumbinho vive auge na elite do esporte e batalha pelo sonho: ‘Vou lutar pela vaga olímpica’ 

Em entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan, surfista brasileiro fala sobre etapas da WSL, relacionamento com Medina, Toledo e Ítalo e projeta disputa no Rio: ‘Minha casa’

  • Por Lucas Lima
  • 24/06/2023 07h00
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Reprodução/Instagram/@joaochumbinho João Chumbinho João Chumbinho é o atual terceiro colocado do Circuito Mundial de Surfe

O atual terceiro colocado do Circuito Mundial de Surfe, o brasileiro João Vitor Chianca, também conhecido como Chumbinho, concedeu entrevista exclusiva ao site da Jovem Pan para falar sobre o momento mágico que vive na elite do esporte. Natural de Saquarema, município do Rio de Janeiro, o surfista de 22 anos comemorou o seu início de temporada empolgante — incluindo a breve liderança no campeonato —, falou sobre a chance de ser campeão mundial em seu primeiro ano “completo” no tour e também de conquistar uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2024, além de comentar a relação que construiu com os seus ídolos: os campeões mundiais Gabriel Medina, Filipe Toledo e Ítalo Ferreira.

João Chumbinho é filho de Gustavo Chumbão e irmão de Lucas Chumbo, ambos surfistas especializados em ondas gigantes. O apelido ganhou progressão entre o pai e os filhos. A mãe, Michele Cabral, também sempre esteve presente, incentivando a carreira deles. “A paixão do esporte veio de família. Crescendo em Saquarema, perto da praia, o surfe foi introduzido de maneira muito natural para mim. Acredito que minha família seja apaixonada pelo estilo de vida que o surfe nos traz. Às vezes, nós temos o surfista de alma e o surfista profissional. Acredito que meu pai seja um surfista de alma. Ele cultiva o estilo de surfe, de levar a vida numa boa e sempre estar perto da praia”, disse o surfista.

Após aproximadamente seis anos disputando campeonatos júnior, a vaga na World Surf League (WSL) foi conquistada no fim de 2021. A estreia aconteceu no ano passado. Contudo, o melhor resultado que Chumbinho teve foi o 9º lugar em Pipeline, no Havaí. Assim, o surfista brasileiro não passou do corte de metade do ano, uma medida implantada em 2022 para reduzir a quantidade de atletas para o restante da temporada (de 36 para 22). O tempo que ficou rebaixado no Challenger Series, divisão que dá acesso à elite, foi o mesmo que esperou para retornar ao Circuito Mundial. João foi convidado pontualmente para participar da etapa do Circuito em Saquarema, sua terra natal. Com boa performance na água, ele conseguiu finalizar a temporada na 8ª colocação geral e voltou ao grupo dos melhores surfistas do mundo. Em sua estreia neste ano, Chumbinho conquistou o seu melhor resultado da carreira. Em Pipeline, ele foi o 3º colocado.Também chegou às semifinais em Sunset Beach, no Havaí, e em Margaret River, na Austrália. O pior desempenho nesta temporada foi em Bells Beach, também em solo australiano, onde parou nas oitavas. Já em Peniche, Portugal, João venceu a primeira etapa da carreira.

Com os resultados, o brasileiro alcançou a liderança do Circuito Mundial. No Surf Ranch, etapa dos Estados Unidos, Chumbinho usou a lycra amarela, destinada apenas ao primeiro do ranking. “A lycra amarela foi um momento bom. Não acontece com todo mundo. Foi um ganho de confiança, um passo que fiquei muito grato por tudo, onde vi que as sementes estavam me trazendo frutos, conseguindo finalmente conquistar meu espaço pouco a pouco. Até senti que as coisas aceleraram demais. Então pensei em focar em me divertir, focar em ser o João que todo mundo fala, que entra na água e dá 100%, sem se importar se é o número um do mundo ou lá embaixo no ranking”, comentou. “Era o planejado ir com tudo nas etapas do Havaí, principalmente por ser um lugar onde gosto de estar por me sentir muito bem e por me adaptar fácil àquelas condições. Quase uma segunda casa. O foco era esse, e depois as coisas foram acontecendo naturalmente. Em Portugal, cheguei sem expectativa nenhuma, mas sabia que eu tinha sacrificado bastante para aquilo acontecer. Tem sido incrível esse início de ano”, frisou, em entrevista exclusiva à Jovem Pan. João perdeu nas quartas de final da etapa dos EUA para o compatriota Ítalo Ferreira e saiu nas oitavas da etapa em El Salvador para o havaiano e também brasileiro Ian Gentil. Assim, o carioca caiu para a terceira posição do ranking.

Questionado se sente que pode conquistar o título mundial em seu segundo ano na elite, Chumbinho pede calma, mas diz que está preparado para conseguir um lugar dentro do Finals, onde os cinco melhores surfistas da temporada disputarão o caneco. “Sinceramente, penso que o João, no primeiro título mundial, estará mais maduro. O João estará amadurecido na parte mental. Sinto que tenho partes que ainda devem ser trabalhadas e melhoradas. O João de agora também vai dar ao máximo nas etapas. Vai estar presente e se tiver a oportunidade de agarrar o lugar no Finals Five vai com tudo para o título mundial”, falou. Em relação à etapa do Rio de Janeiro, que acontece entre 23 de junho e 1º de julho em Saquarema, ele disse que está animado para competir em casa. “Fica na minha casa, onde terei a oportunidade de dormir na minha cama, de estar com a minha família e amigos, de estar com as pessoas que me viram trabalhando duro todos esses anos, onde aprendi a surfar. Fora o fato de ser uma etapa onde tem vários anos que venho assistindo de longe, só sonhando com a minha oportunidade de competir lá”, comentou.

Chumbinho também disse a relação que construiu com os seus ídolos: os campeões mundiais Gabriel Medina, Filipe Toledo e Ítalo Ferreira. “A minha relação com os surfistas é muito boa. Os brasileiros são muito unidos dentro do Circuito Mundial. A minha relação com o Samuel Pupo é um dos exemplos. Somos praticamente melhores amigos. Tenho uma relação muito boa com o Gabriel, Filipe e com o Miguel Pupo. Acredito que esses caras, além de serem meus ídolos, abriram as portas para eu me aproximar ao máximo. E tem sido muito legal dividir meu tempo com eles. Com o Gabriel sempre é uma resenha muito boa, conseguimos deixar o ambiente bem descontraído”, enfatizou. “É muito bom estar aqui com eles, aprendendo dia após dia. Com o Gabriel aprendo o preço de pagar a dedicação, o trabalho. Com o Filipe, aprendo a disciplina, o exemplo de pessoa fora da água. Com o Miguel também, uma postura sempre admirável. Não adianta ser um bom surfista e uma pessoa que não provém o bem fora da água. Esses caras viraram meus ídolos porque vi que são muito além do que fazem na água”, acrescentou.

João Chumbinho é irmão de Lucas Chumbo, considerado um dos melhores surfistas de ondas grandes do mundo. No entanto, ele disse que nunca pensou em seguir os passos do irmão mais velho. “Acho que para o Lucas sempre serviu como uma vocação a partir do momento que ele se encontrou ali. Já tive oportunidades de surfar essas ondas grandes. Mas sempre quis me guardar para estar no meu melhor dia quando as minhas competições começavam. E respeito isso”. Sobre os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, o surfista brasileiro disse que vai lutar pela vaga, já que apenas os dois melhores brasileiros ranqueados no Circuito Mundial são classificados. “Tenho pensado no presente ao máximo. Há muitas etapas pela frente, mas, com certeza, se eu tiver a oportunidade de estar no Finals, vou lutar por essa vaga olímpica. É um sonho”, completou.

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