“Panteras Negras” dos Jogos de 1968 apoiam protesto racial de Kaepernick na NFL
Colin Kaepernick
Colin Kaepernick protesta durante execução de hinoNa Olimpíada da Cidade do México em 1968, Tommie Smith e John Carlos fizeram o movimento Panteras Negras ser conhecido em todo o mundo com um simples gesto. Medalhistas de ouro e bronze nos 200m no atletismo, respectivamente, durante a cerimônia de premiação vestiram uma luva e ergueram o braço, realizando a saudação Black Power, na luta por igualdade de direitos civis e em protesto contra o preconceito racial nos Estados Unidos.
Passados quase 50 anos, a questão racial volta a ser fortemente discutida nos Estados Unidos por conta da série de injustificável violência policial que tem vitimado muitas pessoas negras nos últimos meses. Diante desta questão, o quarterback do San Francisco 49ers Colin Kaepernick decidiu, assim como Smith e Carlos, utilizar-se da visibilidade do esporte para fazer seu protesto. E, novamente, a execução do hino nacional foi o momento escolhido pelo jogador de futebol americano.
“Não odeiem este rapaz por ele ter se levantado para provocar uma mudança. Ele levantou-se pelo direito de exercer a Primeira Emenda (à Constituição dos Estados Unidos, que fala sobre a liberdade de expressão)”, defendeu Smith. “Os protestos são positivos porque você está tentando expor algumas questões através do protesto”, concordou Carlos.
As mortes de negros por policiais norte-americanos têm se repetido e gerado diversos protestos no país. A situação é preocupante e estudos recentes mostraram que a taxa de homicídios de negros é oito vezes maior do que a de brancos nos Estados Unidos. Diante desta realidade, Kaepernick decidiu agir e ampliou a discussão sobre o problema ao se recusar a ficar de pé durante a execução do hino nacional nas partidas de futebol americano.
A atitude do jogador em um país que tanto prega o patriotismo ganhou repercussão e criou um grande debate nos Estados Unidos. Enquanto muitos se opõem a Kaepernick, como o candidato à presidência Donald Trump, outros veem o protesto com naturalidade. Até o presidente Barack Obama defendeu o direito do atleta de se manifestar.
“Em qualquer protesto você se manifesta e tenta alcançar todos os extremos da Terra. E qual a melhor forma de fazer isso do que no esporte?”, questionou Carlos. “É um sacrifício você lidar com qualquer coisa que fuja do status quo. E nós sabemos muito bem disso”, completou Smith.
Inegavelmente, a atitude de Kaepernick ampliou a discussão e gerou uma onda de manifestações no esporte. Mais recentemente, até a tenista multicampeã Serena Williams se posicionou a favor dos protestos iniciados no futebol americano e comentou sobre o medo de ser negro nos Estados Unidos atualmente. “É preciso chamar a atenção da sociedade, para eles serem capazes de determinar por que existe esse negócio chamado racismo, violência e preconceito, e enterrar tudo isso de uma vez”, comentou Carlos.
Coincidência ou não, o Comitê Olímpico dos Estados Unidos escolheu este momento para convidar Carlos e Smith para um evento pela primeira vez desde o protesto de 1968. Na última quarta, eles estiveram presentes no Team USA Awards, que premiou alguns dos principais atletas do país. “Nunca falamos sobre o que defendíamos (em 1968). Nós defendíamos a humanidade”, lembrou Carlos.
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