Santos perde para o Fortaleza na Vila e sofre inédito rebaixamento para a Série B

Peixe é ultrapassado por Bahia e Vasco, que também brigavam contra a queda, e vai para a segunda divisão no primeiro Brasileirão após a morte do Rei Pelé

  • Por André Siqueira
  • 06/12/2023 23h37 - Atualizado em 07/12/2023 01h27
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ANDERSON LIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Soteldo tenta jogada individual contra defesa do Fortaleza Soteldo tenta jogada individual contra defesa do Fortaleza

A maior vergonha da história. Pode ser definido desta forma o inédito rebaixamento do Santos Futebol Clube para a Série B do Campeonato Brasileiro. O Peixe perdeu para o Fortaleza por 2 a 1, nesta quarta-feira, 6, na Vila Belmiro, em partida válida pela 38ª rodada da competição, e não estará na elite do futebol nacional em 2024 pela primeira vez. O rebaixamento é o ato final da gestão Andres Rueda, que administrou o Santos no último triênio, em um período marcado por diversos vexames, eliminações vergonhosas, o desmanche do elenco profissional e (muitos) protestos da torcida. Para piorar, o descenso ocorre na primeira edição do Brasileirão após a morte de Edson Arantes do Nascimento, o eterno Rei Pelé, que marcou a história do esporte com as cores do alvinegro. A competição, não por acaso, foi batizada de “Brasileirão Rei”. Ainda assim, o clube da Vila não foi capaz de honrar o legado do maior atleta da história. O Santos terminou o Brasileirão com 43 pontos, atrás do Bahia, com 44 pontos, e do Vasco, que somou 45 pontos. O Cruz Maltino e o Tricolor de Aço também brigavam pelo rebaixamento, mas venceram Red Bull Bragantino e Atlético-MG, respectivamente.

O rebaixamento do Santos ocorre no último jogo da gestão Andres Rueda – no sábado, 9, os sócios do clube vão eleger o novo presidente do clube. Nos dois anos anteriores, o Peixe brigou para cair no Campeonato Paulista, quando precisou vencer o São Bento, em 2021, e o Água Santa, em 2022, na última rodada das duas edições do estadual, para evitar uma mácula na história do clube fundado em 14 de abril de 1912. No Brasileirão, o Peixe também lutou contra o inédito descenso nos dois últimos anos, mas chegou à última rodada da competição nacional livre do risco de queda. Desta vez, a equipe atualmente comandada por Marcelo Fernandes, o quarto técnico a dirigir o clube na temporada (antes dele, passaram pelo Santos Odair Hellmann, Paulo Turra e Diego Aguirre), desperdiçou diversas oportunidades para se livrar antecipadamente e chegou à decisão na Vila com a corda do pescoço, mas novamente dependendo apenas de si. O Santos abriu a derradeira rodada com 43 pontos, dois acima do Bahia, que abria o Z-4 com 41. Na antepenúltima rodada, o Peixe recebeu o Fluminense na Vila Belmiro tendo que vencer para oficialmente se livrar do rebaixamento, mas perdeu por 3 a 0. Na 37ª e penúltima rodada, o tricolor baiano foi derrotado pelo lanterna América-MG, enquanto o Vasco perdeu para o Grêmio, no Sul do país. Bastava ao Peixe vencer seu confronto com o Athletico-PR, fora de casa, para manter a escrita de nunca ter sido rebaixado, mas houve nova derrota por 3 a 0.

Nesta quarta-feira, 6, novamente na Vila Belmiro, o Peixe precisava vencer para escapar sem depender de seus rivais. Ainda assim, o time paulista poderia permanecer na Série A mesmo em caso de derrota. Para isso, o Bahia não podia vencer o Atlético-MG na Arena Fonte Nova. Na baixada santista, o jogo terminou 2 a 1 para o Fortaleza com requintes de crueldade: o atacante Marinho, que saiu da Vila Belmiro pela porta dos fundos, abriu o placar. O Peixe até empatou com Messias, de cabeça, mas sofreu o gol que selou a queda no final do segundo tempo, em chute por cobertura da região do meio-campo feito pelo atacante Lucero. O Bahia de Rogério Ceni, por sua vez, aplicou uma goleada de 4 a 1 em cima do Atlético-MG, que terminou na terceira colocação com a derrota. Em São Januário, o Vasco venceu o Red Bull Bragantino por 2 a 1 e se livrou depois de um primeiro turno em que somou apenas seis pontos nas 10 primeiras rodadas. Ainda assim, o Gigante da Colina se livrou, em um trabalho de recuperação irretocável conduzido pelo técnico Ramón Diaz.

O rebaixamento sacramentado nesta quarta-feira é o último ato de uma gestão que prometeu sanear as contas do clube e investir fortemente no futebol no ano de 2023. Deu tudo errado. Depois de três eliminações na fase de grupos no Paulistão, uma inédita eliminação para um clube venezuelano, o Deportivo Táchira, na Copa Sul-Americana, um 7 a 1 sofrido para o Internacional na 28ª rodada do Brasileirão deste ano, o Santos é rebaixado dentro de seu estádio e amarga uma queda acachapante no “Brasileirão Rei”. Nada mais simbólico. Rei Pelé não merecia isso.

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