‘Diminuição da pressão fez com que a superfície cedesse’, diz geólogo sobre cratera na Marginal Tietê

Trecho por onde passará a futura linha 6-Laranja rompeu, mas ninguém se feriu; especialista ainda descartou que as fortes chuvas que atingem a capital paulista possam ter causado o acidente

  • Por Jovem Pan
  • 01/02/2022 18h02 - Atualizado em 01/02/2022 18h17
TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO CONTEÚDO Marginal Tietê com trecho que cedeu por causa das obras do metrô Marginal Tietê com trecho que cedeu por causa das obras do metrô

A diminuição de pressão da máquina tuneladora (conhecida como ‘Tatuzão’) ao atingir uma área aberta pode ter feito com que uma cratera se abrisse nesta terça, 1, nas obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo. O desmoronamento de parte do asfalto causou a interdição da Marginal Tietê na pista local, sentido rodovia Ayrton Senna. Segundo a Defesa Civil, o rompimento de uma rede coletora de esgoto da Sabesp levou à inundação do túnel escavado. Em entrevista à Jovem Pan News, o geólogo e doutor Everton de Oliveira, do Instituto Água Sustentável, e o engenheiro civil e mestre Denis Suzuki explicaram o que pode ter causado o acidente.

“Quando a tuneladora está passando, para fazer a escavação, ela tem que ter um equipamento que faz pressurização da frente dela, porque como ela está fazendo a escavação, vai depois revestindo o túnel para mantê-lo estável, mas na frente não tem nada, então precisa da pressurização. Ele cava sob pressão, o solo não vai descer por estar pressurizado. O que aconteceu ali, provavelmente, é que ela chegou perto do que a gente chama de desemboque. No desemboque, ela teve um alívio de pressão, porque ela não pode sair num lugar completamente aberto, que é a abertura de um poço. Então, nessa diminuição de pressão, pode ter tido alguma instabilidade em relação à superfície, e aí desceu o duto do canal coletor da Sabesp” afirmou Everton de Oliveira,

“Acho que a questão da interferência na tubulação foi prevista em projeto, mas a situação em que ocorreu tem que ser muito mais investigada. Não se sabe se houve algum vazamento, se houve alguma perda de resistência não prevista, é uma questão muito preliminar para dizer uma causa muito específica para o assunto. Estamos lidando com obras no meio urbano, então cada obra vai ter uma interferência específica. Então isso foi previsto em projeto e pode ser contido, são problemas perfeitamente transponíveis”, relatou Suzuki.

Oliveira ainda descartou que as fortes chuvas que atingem a capital paulista possam ter causado o acidente. “O túnel está sob o nível do rio, e a água subterrânea está num nível próximo do rio. Essa área está impermeabilizada, então esse solo não está recebendo a água da chuva que faz com que ele fique muito mais pesado. O túnel está muito abaixo também da coletora de esgoto – o túnel onde vai passar o trilho está mais de 30 metros abaixo do ponto onde vai passar a coletora”, comentou Oliveira.

Confira a entrevista completa:

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