Após cuidados contra o zika, gestantes se esforçam para evitar H1N1

  • Por Agência Estado
  • 03/04/2016 10h00
Anselmo Cunha / PMPA Vacinação

Após aprender a conviver com os cuidados para evitar a contaminação com o vírus zika, as gestantes ganharam uma nova preocupação: prevenir-se do surto antecipado de H1N1. Repelente e álcool em gel viraram itens do dia a dia das grávidas, que fazem parte do grupo de risco para as duas doenças. Para evitar a gripe, que já fez 55 vítimas no Estado de São Paulo, elas também enfrentam a saga para conseguir a vacina, em falta em várias clínicas.

No fim do ano passado, a empresária Catarina Leite de Macedo, de 35 anos, deixou de ir ao casamento da cunhada e de visitar os parentes em Pernambuco com medo da zika: “Cancelei a passagem e meus pais vieram para cá. Só saio na base do repelente, meu médico mandou usar blusa de manga, roupas claras”. Com a chegada fora de época da gripe, ela recebeu novas orientações: “Meu médico começou a mandar mensagem para todas as pacientes para a gente se vacinar”.

Foi quando começou a peregrinação para conseguir o imunizante: “Fui em seis clínicas de vacinação e só consegui na última. Fiquei quase três horas. Já tinha ligado para mais três e não tinha conseguido”. A indicação foi tomar a vacina tetravalente, mas só estava disponível a versão trivalente. Mesmo assim, ela tomou. “É o meu primeiro filho. Já perdi (bebês) duas vezes e essa gestação está sendo supermonitorada. Fiz cirurgia de tireoide e tenho de fazer consultas e ultrassons a cada 15 dias”.

Ao saber que estava grávida, a hoteleira Fernanda Guerreiro Dourado, de 29 anos, deixou de visitar os pais em Águas de São Pedro, no interior paulista, por medo dos casos de gripe em Piracicaba, cidade próxim: “Meus pais vêm todo mês para me ver. A minha filha é prioridade”.

Mas ela conta que ainda não conseguiu tomar a vacina: “Entrei duas vezes na lista de espera, mas não fui vacinada. Se a clínica abre às 8 horas, as senhas já acabam uma hora antes. Tem de chegar muito cedo”. Fernanda diz que a gestação tem sido diferente do que ela imaginava. “Achei que ia andar de vestidinho. Não tenho problema, não tive enjoo, mas tenho de me preocupar com essas coisas”.

Para evitar o estresse em um período que deveria ser especial, a hoteleira optou por evitar acompanhar as notícias sobre as doenças: “No começo, eu pesquisava e ficava paranoica. Agora, procuro me informar sobre os cuidados”.

Orientações

A ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, Paola Fasano, diz que as grávidas devem seguir as recomendações para evitar a contaminação tanto pelo vírus zika quanto pelo H1N1, mas sem criar uma situação de pânico: “O estresse nunca é bom. Sabemos que a informação corre rápida e de maneira descontrolada, leva a um medo. A gestação é um momento de muita expectativa e as grávidas devem conversar com o obstetra que vai colocá-las a par de tudo sobre a gestação”.

Paola diz que, no caso da gripe, é importante que as gestantes evitem locais com aglomeração, mantenham as mãos higienizadas e não tenham contato com pessoas contaminadas: “O H1N1 pode ser mais perigoso no segundo e no terceiro trimestre da gestação, pois a mulher está com o abdome aumentado, o que diminui a expansão pulmonar. Se ela tiver febre, tosse e dificuldade respiratória, deve procurar um médico imediatamente”, alerta. A ginecologista afirma que já tem recomendado para pacientes máscaras ao frequentar ambientes com aglomeração e o uso do álcool em gel, além da vacinação.

Graciela Morgado, ginecologista da Maternidade Pro Matre Paulista, recomenda ainda que as mulheres invistam em bons hábitos alimentares para aumentar a imunidade: “É importante ter uma dieta saudável, alimentando-se de três em três horas e se mantendo hidratada”. Ela também fala sobre a importância de não se desesperar: “A gestante deve se acalmar e não precisa ficar enclausurada”.

Desde a terceira semana de gravidez, a assessora de imprensa Carla Caroline, de 28 anos, colocou uma regra em casa: as janelas não podem ficar abertas. Usa repelente diariamente e evita roupas que deixem as pernas ou os braços expostos.

A ida e a volta para o trabalho ganharam cuidados especiais: “Ando de transporte público, quando alguém tira o lenço do bolso ou espirra, entro em pânico. Faço três baldeações no metrô. Fico mais tempo na plataforma para pegar um vagão mais vazio. E saio mais tarde de casa para pegar um horário mais tranquilo”.

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