Ataques de leopardos “devora homens” geram crescente temor na Índia

  • Por Agencia EFE
  • 12/05/2014 07h12
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Luis Ángel Reglero.

Nova Délhi, 12 mai (EFE).- Os ataques a pessoas cometidos por leopardos, denominados localmente “devora homens”, geram um crescente temor em zonas rurais da Índia, onde o felino se aproxima de algumas cidades em busca de alimento empurrado pela destruição de seu habitat.

O jornal local “The Hindustan Times” divulgou recentemente imagens impactantes de um leopardo nas ruas de uma pequena cidade do estado de Maharashtra atacando um homem ao tentar fugir da multidão que o encurralava.

Uma porta-voz da Fundação para a Vida Selvagem na Índia (WTI), Sheren Shrestha, explicou à Agência Efe que não existe um censo atualizado de leopardos na Índia, mas se estima que sua população seja de 50 mil exemplares.

Em zonas rurais é comum um leopardo se aproximar de um povoado, já que a espécie se acostuma a viver perto deles.

O problema surge quando seu habitat é cada vez mais reduzido, em boa parte pela conversão de zonas naturais em plantações de cana-de-açúcar, com a consequente diminuição de suas presas, o que leva o leopardo inclusive a atacar o gado e cães vira-latas.

Suvidha Bhatnagar, da organização Wildlife SOS, disse à Efe que o leopardo se camufla nos campos de cana e os problemas aumentam no período da colheita e que o desmatamento torna cada vez mais difícil a espécie se refugiar na floresta.

Os incidentes ocorrem porque muitas pessoas não sabem como atuar quando encontram um leopardo, pois permitem ao animal “passar sem o molestar, há muita possibilidade de que não fira ninguém”, comentou Shrestha.

No entanto, “há gente que se excita e faz coisas que acabam em um ataque em defesa própria” do leopardo, que se sente acossado.

Os leopardos às vezes entram em casas em busca de comida e suas presas muitas vezes são crianças ou adultos que dormem: dos ataques ocorridos em Borivili, próximo de Mumbai, no oeste do país, 80% das vítimas têm entre cinco e oito anos.

Alguns animais atacam de forma reiterada, por isso na Índia são chamados “devora homens”, denominação aplicada “oficialmente” na década de 2000 para 45 exemplares no estado de Uttarakhand.

Neste estado, calcula-se que na década passada os leopardos mataram mais de 200 pessoas, e embora não existam estatísticas mais recentes, os números da Índia superam amplamente os dados disponíveis de países vizinhos como Nepal e Paquistão.

A solução para reduzir os ataques a pessoas “passa por coisas simples”, uma delas conscientizar a população afetada de que “atuações errôneas só agravam o conflito”, disse a porta-voz de WTI.

Entre esses erros, citou a tendência de se formar uma multidão quando se tenta capturar um leopardo, o que complica o trabalho dos especialistas e fazem com que o animal se sinta ainda mais ameaçado.

“Se as pessoas deixassem um corredor, o leopardo na maioria das vezes iria por si próprio”, sem necessidade de que uma equipe de especialistas tivesse que “resgatá-lo”, explicou.

O Ministério do Meio Ambiente da Índia conta inclusive com um guia sobre como atuar ao se encontrar um leopardo, além de ter criado as Equipes de Resposta Primária, com especialistas no manejo da espécie.

Um destas equipes teve que realizar patrulhas em várias cidades do estado de Himachal Pradesh, diante do temor gerado entre os vizinhos após a morte de várias crianças em ataques de leopardo.

Um responsável da Sociedade para a Proteção da Vida Selvagem na Índia, Tito Joseph, afirmou à Efe que o número de ataques aumentou significativamente em muitas partes do país.

A redução destes ataques passa por envolver as comunidades afetadas na conservação do leopardo, com o pagamento imediato de compensações às vítimas ou pela perda de gado, segundo o analista.

Tito Joseph recomendou afastar os leopardos “devora homens” das áreas nas quais a espécie fez vítimas.

No entanto, o Ministério do Meio Ambiente desaconselha a soltura, seja em seu habitat de origem ou em outro distante, porque muitos “devora homens” voltam a atacar e é mais seguro deixá-los em reservas ou sacrificá-los. EFE

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