Atividade industrial avança acima da média em setembro e consolida retomada aos índices pré-crise

Dados divulgados pela CNI apontam quarto mês seguido de alta nos indicadores de produção e recorde na variação de novos empregos

  • Por Jovem Pan
  • 26/10/2020 12h06 - Atualizado em 26/10/2020 12h07
Ricardo Almeida/ANPr Atividades registram altas consecutivas após retração histórica no segundo trimestre

A indústria brasileira teve recorde na variação de contratações entre agosto e setembro, e pelo quarto mês seguido apresentou alta nos indicadores de produção, revelou a Sondagem Industrial divulgada na manhã desta segunda-feira, 26, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A arrancada no terceiro trimestre consolida o ritmo de recuperação após as quedas históricas registradas entre abril e junho, no auge da crise causada pelo novo coronavírus. A alta no mês foi impulsionada pelo avanço para 72% da Utilização da Capacidade Instalada (UCI), acima do período pré-pandemia e maior alta para o período desde 2014. Em variação nominal, o índice chegou a 50,4 pontos, 2,7 acima de agosto. Ao furar a linha dos 50 pontos, o indicador aponta que o setor está aquecido, operando acima do nível usual para o mês. Segundo a entidade, a UCI não ultrapassava a barreira desde novembro de 2010.

O índice da evolução de produção chegou a 59,1 pontos em setembro, acompanhada pelo aumento do ritmo de contratações. O índice no número de empregados no setor, que foi o mais atingido pela retração histórica de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, bateu 55,3 pontos em setembro, 1,5 ponto superior a agosto. O avanço no índice é o maior da série histórica mensal, iniciada em janeiro de 2011. “A atividade industrial de setembro se mostrou um ponto dora da curva para o mês. Podemos observar com clareza o processo de recuperação da economia, a alta da demanda e a necessidade de repor os estoques, que seguem baixos”, afirmou Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI.

A despeito dos índices que pontam a retomada, os estoques seguem em queda e abaixo do desejado pelos empresários, apontou o levantamento. A falta ou alto custo de insumos é principal problema enfrentado pelas empresas no terceiro trimestre, e a elevada carga tributária caiu para a segunda posição. A alta volatilidade e a intensa desvalorização do real em relação ao dólar americano, com efeitos nos preços de insumos, fez com que a taxa de câmbio subisse da quarta para a terceira posição entre os principais problemas da indústria. Apesar dos reveses, o índice de satisfação com a situação financeira aumentou no terceiro trimestre para o melhor índice desde o início da medição. Dos 27 setores pesquisados, 15 apresentaram índices mais favoráveis no terceiro trimestre.

O levantamento da CNI também aponta o aumento da confiança do empresário no setor. A propensão para investir em outubro subiu para 57,2 pontos, o sexto aumento consecutivo do índice, que acumula crescimento de 20,5 pontos na comparação com abril. O acesso ao crédito também reagiu, com alta para 41,5 pontos no fim do último trimestre. Em relação ao quarto trimestre de 2019, contudo, há uma queda de 1,7 ponto, o que indica que a facilidade de acesso ao crédito está melhor que no pior período da pandemia, mas ainda não alcançou nível similar àquele observado antes da crise. A sondagem industrial foi realizada com 1.881 empresas, sendo 734 pequenas, 674 médias e 473 de grandes, de 1º a 14 de outubro.

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