PIB cai 9,7% no 2º trimestre e Brasil entra em recessão

É o segundo período seguido que atividade econômica retrai; resultado de abril a junho foi o pior desde o início da contagem histórica

  • Por Gabriel Bosa
  • 01/09/2020 09h01 - Atualizado em 01/09/2020 11h16
Agência Brasil País entrou em recessão após o segundo período consecutivo de retração nas atividades econômicas

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 9,7% no segundo trimestre de 2020 na comparação com os três meses anteriores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE) divulgados na manhã desta terça-feira, 1. A retração das atividades econômicas pelo segundo período consecutivo deixa o Brasil em recessão técnica pela primeira vez desde o último semestre de 2016. No primeiro trimestre deste ano, o PIB teve retração de 2,5%, segundo dados revisados pelo IBGE. Em relação ao mesmo período do ano passado, a retração foi de 11,4%. Reflexo da crise originada pelo coronavírus, o resultado de abril a junho foi o mais baixo da série histórica desde o início da contagem trimestral, em 1996. Antes, a maior queda em três meses havia ocorrido entre outubro e dezembro de 2008, quando a economia retraiu 3,9%. No 1º semestre de 2020, o PIB caiu 5,9% em relação a igual período de 2019, também o resultado mais baixo já registrado. Em valores correntes, o PIB do no segundo trimestre de 2020 totalizou R$ 1,653 trilhão.

Dos três setores analisados, a agropecuária foi a única que teve resultado positivo no segundo trimestre, com alta de 0,4%. A indústria foi o setor mais atingido, com queda de 12,3%, seguida pelos serviços, que registrou retração de 9,7%. Entre as atividades industriais, a indústria de transformação teve o tombo mais expressivo, com queda de 17,5%. A construção civil, apontada como um dos principais indicadores da economia, teve retração de 5,7% no segundo trimestre de 2020, enquanto as atividades de eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos caiu 9,7%. A indústria extrativa, que engloba petróleo e mineração, teve queda de 1,1%.

A queda histórica no segundo trimestre já era esperada pelo Ministério da Economia, que no mês passado divulgou previsão de recuo entre 8% e 10%. O resultado do PIB foi impactado especialmente pelo desempenho econômico no mês de abril, apontado pelo governo como o “fundo do poço” da crise causada pelo novo coronavírus. Para este ano, o governo estima queda de 4,5% nas atividades econômicas. Em 2019, o PIB teve alta de 1,1%, o desempenho mais baixo dos últimos três anos.

A queda de 5,9% no primeiro semestre também marca um recorde negativo na economia nacional. Em comparação com os seis primeiros meses do ano passado, somente a agropecuária teve desempenho positivo, com alta de 1,6%. O setor de indústria apresentou queda de 6,5%, com influência direta do recuo na fabricação de carros, produtos de transporte, máquinas e setor têxtil. Os serviços apresentou retração de 5,9%.

Os dados do IBGE também apontam queda histórica de 13,5% na despesa de consumos das famílias. Foi o segundo resultado negativo na comparação depois de 11 trimestre de avanço. O recuo é resultado das medidas de isolamento social que paralisaram diversas atividades, principalmente o setor de serviços, além da retração da massa salarial no país no segundo trimestre.

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