Atrito por execução de brasileiro na Indonésia é falta de perspectiva, diz especialista

  • Por Jovem Pan
  • 25/04/2015 17h27

Nesta semana houve protesto também nas Filipinas. Uma nativa está entre os presos que serão executados.

EFE protesto filipinas pena de morte

O paranaense Rodrigo Gularte foi notificado neste sábado (25) que poderá ser executado por fuzilamento na próxima terça-feira (28). Ele tem 42 anos e foi condenado à pena de morte por tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína escondidas dentro de uma prancha de surfe em 2005. O governo brasileiro tenta recorrer, mas sem resultado.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, a Dra. Cristina Pecequilo, professora do curso de Relações Internacionais da Unifesp, explica que esse protesto do Brasil “faz parte do jogo diplomático”: “essa conjuntura é tradicional na relação da Indonésia com outros países do mundo. Faz parte da diplomacia de todos os governos envolvidos, incluindo o brasileiro, pedir clemência, visto que muitos desses países não têm pena de morte”. Além de Rodrigo, serão executadas pessoas de países como Filipinas, França, Inglaterra, Austrália, Nigéria e Espanha.

Para Cristina, a contestação das leis da Indonésia é falta de perspectiva por parte das outras nações. “Existem diferenças de regras entre países e isso vale não só para justiça, mas até para práticas culturais que se condenam no âmbito dos direitos humanos universais”, analisa, “me parece que a Indonésia está reproduzindo o comportamento dos outros estados do sistema internacional, que é garantir a sua lei interna e garantir a rigidez de certos procedimentos”.

Quanto ao posicionamento brasileiro, a professora avalia que “o que o Itamaraty está fazendo é seguir o posicionamento da presidente Dilma, que é condenar a pena de morte e outras questões relativas ao abuso de direitos humanos”.

De acordo com a professora, o atrito que resulta desse desentendimento dura pouco e não pode abalar em profundidade a relação entre os países. “No curto prazo você tem uma troca de farpas nas duas diplomacias, ameaça bilateral de um cortar investimento do outro, ou compras, mas no médio e longo prazo as coisas tendem a se acomodar”, e completa, “são questões importantes, mas que não podem prejudicar a relação dos estados de uma maneira mais abrangente envolvendo comércio e estratégia”.

Em fevereiro deste ano outro brasileiro foi executado no país por tráfico de drogas. Como protesto, a presidente Dilma não entregou a credencial ao diplomata indonésio em cerimônia oficial.

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