Banco Central investiga contas de marqueteiro do PT no exterior

  • Por Estadão Conteúdo
  • 29/06/2016 09h34
Cintia Reis/ Divulgação João Santana e Mônica Moura

O Banco Central investiga as contas no exterior do publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006). A investigação se estende à mulher e sócia de Santana, Mônica Moura. Em fevereiro deste ano, Mônica confessou à Polícia Federal, em depoimento de mais de quatro horas, o uso de conta não declarada em nome da offshore Shellbill Finance SA.

O casal é suspeito pelo recebimento de, no mínimo, US$ 7,5 milhões, entre 2012 e 2014, de dinheiro fruto do esquema de corrupção na Petrobras. Os valores foram parar na conta da Shellbill, oculta no banco Heritage, na Suíça. Um dos delatores da Lava Jato, Vinicius Borin, apontou que a operadora recebeu US$ 16,6 milhões de offshores ligadas à Odebrecht.

João Santana e Mônica Moura estão presos no Complexo Médico Penal de Pinhais, região metropolitana de Curitiba. O casal teve a custódia preventiva decretada na Operação Acarajé, no cumprimento da 23ª fase da Lava Jato.

O procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira, pediu, em 20 de junho último, uma autorização do juiz federal Sérgio Moro para que um servidor do BC, locado na capital paranaense, pudesse “realizar as diligências necessárias para a entrega pessoal de notificação a João Cerqueira de Santana Filho referente a infrações administrativas que lhe são imputadas”. Na passada quinta-feira (23), Moro autorizou o despacho.

“Autorizo a realização do ato por servidor da autarquia. Detalhes deverão ser acertados diretamente com o Diretor do estabelecimento prisional”, determinou o magistrado. 

O documento do Banco Central entregue ao juiz é subscrito pelo procurador-geral do BC. No ofício, Isaac Ferreira informa que abriu “procedimento preliminar de apuração”.

De acordo com o BC, foi verificado, a partir de consulta feita pelo Departamento Econômico à base de dados de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), que João Santana e Mônica Moura não apresentaram declarações referentes às datas-bases das operações de 31 de dezembro de 2001 a 31 de dezembro de 2012.

O marqueteiro e a mulher, segundo o BC, teriam fornecido “informações incompletas ou incorretas” referentes às datas-bases de 31 de dezembro de 2013 e 31 de dezembro de 2014, “afigurando-se necessário, na presente fase dos trabalhos da apuração administrativa em curso, franquear-lhe oportunidade para que se manifeste”.

“O Banco Central do Brasil, no uso de sua competência legal e na forma regulamentar, tem envidado esforços para notificar o réu a fim de instá-lo a que, no prazo de 15 dias, contados do seu recebimento, preste esclarecimentos sobre a existência de valores de qualquer natureza, ativos em moeda, bens ou direitos detidos fora do território nacional, com os montantes correspondentes nas datas-bases de 31 de dezembro de 2001 a 31 de dezembro de 2014, diretamente (titularidade) ou na condição de sócio ou de beneficiário e apresente justificativa para a não declaração de CBE nas datas-bases de 31 de dezembro de 2001 a 31 de dezembro de 2012 para eventuais declarações falsas, incompletas ou incorretas referentes às datas-bases de 31 de dezembro de 2013 e de 31 de dezembro de 2014”, aponta o documento.

Cunha

No início do mês, o Banco Central puniu em R$ 1 milhão o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por omissão de recursos no exterior. De acordo com a instituição financeira, Cunha omitiu valores do período de 31 de dezembro de 2007 a 31 de dezembro de 2014. A instituição nacional ainda aplicou multa de R$ 132 mil à mulher de Cunha, Cláudia Cruz, por não declarar os recursos no período de 31 de dezembro de 2009 a 31 de dezembro de 2014.

Defesa

O advogado Fábio Tofic, que defende o casal, disse que as “contas não declaradas de João Santana enquadram-se na mesma situação de outras milhares. Nela contou recebimento de recursos não contabilizados que foram fruto de serviço de marketing eleitoral, do qual seu cliente nunca suspeitou estar relacionado com corrupção. Além fo fato já relatado do réu (Cunha) não saber que pudesse ter origem espúria, nenhuma prova em contrário foi produzida até hoje contra o peemedebista”.

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