Bebê robô é a solução japonesa para dar um “objetivo de vida” aos idosos

  • Por Agencia EFE
  • 29/01/2015 06h31
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María Roldán.

Tóquio, 29 jan (EFE).- No Japão, país cuja população tem a maior expectativa de vida do mundo, várias empresas apostam na criação de robôs para atenuar a sensação de isolamento dos idosos que moram sozinhos. O caçula é Smiby, um bebê que adora carinho e precisa constantemente da atenção.

O bebê robótico, feito de plástico e silício, com 44 centímetros de altura e 1,2 quilo, é especialmente projetado para reagir quando for abraçado pelos “pais”, graças a um sensor.

Vestido com um macacão branco aveludado, um cordão rosa e dois pompons, Smiby é programado para rir quando entra em contato com alguém e fica com as bochechas rosadas quando está contente.

Se for balançado com violência ou ficar muito tempo sozinho, o pequeno começará a chorar, mudando a cor dos olhos, de pretos para azuis, de modo a representar as lágrimas. Mesmo depois do choro, o bebê não fica angustiado. Se passar muito tempo longe de alguma pessoa, o robô apenas cai no sono.

A ideia para criar o recém-nascido automático veio de um professor da Universidade Chukyo de Nagoia, Masayoshi Kanoh, que explicou à Agência Efe a funcionalidade da invenção.

“Desenvolvemos um robô que não sabe fazer nada, justamente para oferecer aos mais velhos um ambiente em que tenham um objetivo de vida porque têm que cuidar do robô”, detalhou.

O projeto começou em 2008, mas foi em 2010 que Kanoh começou a trabalhar em parceria com a empresa Togo Seisakusyo, com a qual desenvolveu Smiby.

O robô, que foi colocado à venda no Japão neste mês a um preço de 68 mil ienes (cerca de R$ 1,4 mil), é capaz de emitir 500 tipos de vozes e sons dependendo da situação. O projeto pode reproduzir sons de crianças de um ano de idade, que os desenvolvedores gravaram durante seis meses.

Kanoh disse que as pessoas que testaram o produto experimentaram uma “sensação de carinho”, e que a expressão e o formato do bebê robô, além de sua voz, “os relaxa”.

Smiby não é o primeiro robô criado especialmente para a terceira idade pelos japoneses, que já compõem a sociedade mais envelhecida do mundo, com quase 33 milhões de idosos a partir de 65 anos, mais de um quarto da população do país.

O mais conhecido é Paro, um robô em forma de filhote de foca desenvolvido pelo Instituto Nacional de Ciência Industrial Avançada e de Tecnologia japonês, cujas virtudes terapêuticas chegaram a ser reconhecidas em 2008 pelo “Guinness Book”, o livro dos recordes, ano em que foi considerado o robô mais terapêutico do mundo.

Paro mede 57 centímetros, é coberto por pele artificial e se comporta de maneira carinhosa quando é acariciado. Além disso, diversos testes comprovaram seus poderes de cura em pessoas de idade avançada, como a redução do estresse e da depressão.

Outra invenção é Tocco, um robô de pelúcia com formato de urso panda, criado pela Universidade de Waseda, em Tóquio, para ajudar os que precisam fazer exercícios de locomoção ou reabilitação. Segundo os criadores, para os idosos é mais divertido fazer os exercícios com um boneco deste tipo.

O aumento da longevidade apresenta novos desafios para os que trabalham no desenvolvimento de tecnologias que favoreçam a independência e ofereçam uma boa qualidade de vida para a terceira idade.

Além dos japoneses, outros pesquisadores também apostaram no uso da robótica neste setor. É o caso de cientistas das universidades de Michigan e Pittsburgh, nos Estados Unidos, cujas pesquisas resultaram em Pearl, um robô móvel projetado para auxiliar os idosos.

O projeto começou em 1998 e até hoje seus criadores continuam a fazer implementações para torná-lo mais amigável e “humano”. O objetivo é fazer companhia e proporcionar uma vida melhor aos que já ultrapassaram a faixa dos 65 anos. EFE

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