Brasil vai para o espaço quando imprensa for responsável, diz Bolsonaro
Em apresentação de novo medicamento contra a Covid-19, presidente fez críticas ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e voltou a afirmar que imunização não será obrigatória no país
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) repetiu pela segunda vez nesta segunda-feira, 19, que a vacinação contra o novo coronavírus não será obrigatória no país, e também voltou a defender o uso da hidroxicloroquina no combate à Covid-19. Em discurso durante a apresentação dos resultados do medicamento nitazoxanidam em pacientes na fase precoce da Covid-19, após testes realizados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o presidente ainda fez críticas ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e disse que, se tivesse sido incluído nas decisões das medidas de controle à pandemia, o número de vítimas teria sido menor. Bolsonaro também retomou o ataque contra parte dos veículos de comunicação que, segundo ele, fizeram críticas injustificáveis, e afirmou, ao citar o ministro e ex-astronauta, Marcos Pontes, que “quando tivermos uma imprensa responsável, pode ter certeza que o Brasil não vai só voar, mas vai para o espaço, porque temos tudo para ser uma grande nação”.
Esta é a terceira manifestação de Bolsonaro nos últimos dias após o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmar na sexta-feira, 16, que usaria medidas legais para tonar a vacinação contra a Covid-19 obrigatória no Estado. “A vacina contra a Covid, como cabe ao Ministério da Saúde definir essa questão, e já foi definida, não será obrigatória. Quem está propagando isso aí, pode ter certeza que está pensando em tudo, menos na saúde ou na vida do próximo”, afirmou o presidente, sem citar o nome de Doria. Bolsonaro já havia reiterado na manhã desta segunda que a vacinação não será forçada, e no sábado chegou a postar um trecho da Constituição ao afirmar que a imunização não será determinada.
O presidente aproveitou a oportunidade para retornar as críticas ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido em meio à pandemia após o acúmulo de desavenças com o presidente sobre o uso da hidroxicloroquina. “Eu falei para o Mandetta certa vez: ‘por que no seu protocolo só pode ser usada a hidroxicloroquina quando o paciente está em estado grave? Deixa os médicos decidirem, e cada um pode decidir de maneira diferente'”, afirmou o presidente. Bolsonaro também disse que a saída de Mandetta trouxe avanços para a pasta da Saúde. “O ministério precisava há muito de um choque de gestão, onde praticamente nada era informatizado, agora quase tudo está informatizado.”
Bolsonaro também voltou a carga aos defensores do isolamento social horizontal como ação para evitar a propagação da pandemia. “Imagine se o homem do campo entrasse naquela onda do fique em casa e a gente vê a economia depois. Hoje não teríamos arroz ou óleo de soja nem teríamos o que exportar.” O presidente também disse que quem o criticava na condução da pandemia não apresentava alternativas, e que, “se tivesse condições de ajudar nessa questão, as mortes seriam em número muito menores.”
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