ANPR: ‘Desrespeito à lista tríplice é o maior retrocesso do MPF em 20 anos’

  • Por Jovem Pan
  • 05/09/2019 18h55
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Marcos Corrêa/PR Associação Nacional dos Procuradores da República criticou indicação do presidente Jair Bolsonaro à PGR

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgou um comunicado nesta quinta-feira (5) em que afirma que “recebeu com absoluta contrariedade” a indicação do subprocurador-geral da República Antonio Augusto Brandão de Aras para o cargo de procurador-geral da República (PGR).

Segundo a entidade, a ação interrompe um “costume constitucional de quase duas décadas” de respeito à lista tríplice e significa, para o Ministério Público Federal (MPF), “um retrocesso institucional e democrático”.

“O indicado não foi submetido a debates públicos, não apresentou propostas à vista da sociedade e da própria carreira. Não se sabe o que conversou em diálogos absolutamente reservados, desenvolvidos à margem da opinião pública. Não possui, ademais, qualquer liderança para comandar uma instituição com o peso e a importância do MPF. Sua indicação é, conforme expresso pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, uma escolha pessoal, decorrente de posição de afinidade de pensamento”, diz a nota da associação.

“O próprio presidente representou o cargo de PGR como uma ‘dama’ no tabuleiro de xadrez, sendo o presidente, o rei. Em outras ocasiões, expressou que o chefe do MPF tinha de ser alguém alinhado a ele. As falas revelam uma compreensão absolutamente equivocada sobre a natureza das instituições em um Estado Democrático de Direito. O MPF é independente, não se trata de ministério ou órgão atrelado ao Poder Executivo. Desempenha papel essencial para o funcionamento republicano do sistema de freios e contrapesos previsto na Constituição Federal”, completa.

O comunicado ainda alega que a escolha anunciada “menospreza também o princípio da transparência” e “conclama os colegas de todo o país para o Dia Nacional de Mobilização e Protesto, que ocorrerá na próxima segunda-feira (9)”.

“A ANPR pede que todos os membros do MPF se mantenham em estado permanente de vigilância e atenção na defesa dos princípios da autonomia institucional, da independência funcional e da escolha de suas funções com observância do princípio democrático”, finaliza, adicionando que fará uma reunião na próxima semana para discutir, com os delegados de todo o país, sobre a convocação do Colégio de Procuradores da República, instância máxima de deliberação da carreira sobre os assuntos de maior relevo institucional.

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